«É uma almôndega de várias carnes». As palavras são de José Rebola, o vocalista e mentor do projecto musical Anaquim, e revelam o espírito que move o novo grupo de Coimbra. Os cinco elementos estiveram na passada quinta-feira no Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda para promoverem o seu primeiro trabalho, “A vida dos outros”.
O projecto é uma mescla de Folk, com influências internacionais e alguma portucalidade à mistura, sonoridades que encobrem uma temática marcadamente satírica com letras socialmente provocatórias. «Em poucas palavras, é um lobo em pele de cordeiro», explica José Rebola. Aquele que é, também, o compositor dos 14 temas que integram o álbum de estreia, refere que as canções que cria não são mais que «mensagens densas passadas sobre uma música leve». «Temos temáticas sociais e pessoais difíceis de abordar, mas quando se veste uma capa com uma música festiva a criar um cenário de uma mistura improvável acaba por resultar», defende. Quanto ao concerto de quinta-feira, o músico destaca que «o público da Guarda foi caloroso num dia muito frio». José Rebola enaltece que «é bom vir a cidades que não são tidas como as maiores do país em dimensão, mas que por vezes superam estas em espírito e em iniciativas culturais».
Para além do vocalista e guitarrista, o grupo é composto por João Santiago (bateria), Luís Duarte (guitarra acústica), Pedro Ferreira (teclados e melódica) e por Filipe Ferreira (guitarra baixo). A crítica tem considerado o projecto como a sensação de 2010, facto que não preocupa o líder dos Anaquim: «Queremos passar algumas mensagens, queremo-nos divertir no processo e que as pessoas se divirtam também. Se isso se vai traduzir num primeiro lugar num top, numa explosão milionária e mediática, para nós é secundário», explica. E nem o facto de serem de Coimbra é motivo de menor descrença no futuro. José Rebola defende que «as pessoas começam a ir à procura, as coisas já não são impingidas só num sítio ou num espaço. Há muito mais liberdade». A ideia é partilhada por João Santiago, que conta que através da proliferação das redes sociais, o grupo tem recebido mensagens de pessoas de todos os pontos do país que gostaram do trabalho, ou que foram ver o concerto e quiseram deixar uma mensagem de carinho». O baterista sente que ao nível da divulgação do trabalho «não temos sentido dificuldades pelo facto de estarmos em Coimbra». Luís Duarte vai mais longe e considera que até é uma vantagem, porque «hoje em dia ser músico e ser de Coimbra é o que está “na berra” e é algo que se mistifica um bocado». O espectáculo na Guarda está integrado numa digressão que os Anaquim estão a fazer pelo país, e que serve para dar a conhecer o projecto e contactar com o público que já os descobriu. O grupo vai continuar a divulgar o projecto pelas FNAC’s.
Rafael Mangana