Arquivo

Região tem dezenas de empregos que ninguém quer

Vagas por preencher nos centros de emprego oferecem salários baixos em sectores que não agradam

Entre Setembro de 2009 e Fevereiro deste ano, os centros de emprego do distrito da Guarda e da Cova da Beira disponibilizaram uma média mensal de 583 ofertas de emprego. Porém, não foram além das 320 colocações. Num período em que o desemprego atingiu mais de 12 mil pessoas na região, são muitas as vagas que ficam por preencher. Profissões ligadas à restauração, metalomecânica e reparação automóvel são algumas das ofertas que têm dificuldades em encontrar candidatos.

Os dados estão disponíveis na página na Internet do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), com Fevereiro a ser o último mês com números actualizados. O Centro de Emprego e Formação Profissional da Guarda – que abrange também Aguiar da Beira, Fornos de Algodres, Manteigas, Sabugal e Celorico da Beira –, apresentou uma média de 167 vagas e chegou naquele período às 83 colocações. De acordo com o director do centro, Armando Reis, há quatro sectores de actividade que não conseguem captar o interesse dos desempregados ou então «não encontram pessoas qualificadas» para preencher os lugares. As profissões em causa são bate-chapas e pintor, na reparação automóvel, serralheiro civil, na metalomecânica, operadores, na transformação de granito, e cargos de cozinha e empregados de mesa, na restauração.

«Há uns anos, por exemplo, não se pediam bate-chapas e, por isso, não há pessoas nesta área», constata, ao recordar que até há bem pouco tempo se optava pela substituição em vez da reparação, o que «levou ao declínio da profissão». A crise «trouxe mudanças» nesta área, refere o director do Centro de Emprego da Guarda. Os turnos e horários praticados na restauração, bem como o facto de algumas vagas envolverem trabalhos pesados, são outros dos motivos que não agradam a quem procura emprego. No final de Fevereiro, as ofertas disponíveis chegavam às 132. «Não significa que correspondam efectivamente às vagas que ninguém quis em Fevereiro», ressalva Armando Reis, ao explicar que «há factores a ter em conta», como processos que estão em fase de convocatória e selecção de candidatos e só ficam concluídos no mês seguinte, ofertas que vão transitando de mês para mês ou as que entram e saem da listagem. Pelas suas contas, há entre 20 a 30 vagas mensais que ninguém quer.

No centro de Pinhel – que engloba ainda Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda e Trancoso –, as ofertas que ficam normalmente sem candidatos são para serventes e pedreiros, na construção civil, profissões variadas a desempenhar em lares de idosos e centros de dia, ajudantes de cozinha e também empregados de mesa e balcão, na restauração. Na maioria dos casos, as entidades patronais oferecem o salário mínimo nacional. No caso da restauração, «o problema são os horários», refere Anabela Rocha, chefe de serviços do centro, ao focar a questão do transporte. «Há pessoas que não aceitam porque não têm transporte próprio e não há compatibilidade entre os horários do emprego e os dos transportes públicos», explica. Nos centros de dia e lares procuram-se candidatos qualificados e, no caso da construção civil, «os trabalhos pesados acabam por não agradar», acrescenta. Em média, o Centro de Emprego de Pinhel teve, entre Setembro de 2009 e Fevereiro deste ano, 88 ofertas de emprego e cerca de meia centena de colocações. De acordo com Anabela Rocha, «são cerca de 20» as vagas que mensalmente ficam por preencher por não encontrarem interessados.

O INTERIOR tentou contactar também os outros dois centros da região, na Covilhã e em Seia, mas as directoras encontravam-se de férias, sendo que ninguém quis facultar dados ou prestar declarações.

Um dos piores cenários encontra-se no sector da restauração

Região tem dezenas de empregos que ninguém
        quer

Sobre o autor

Leave a Reply