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«Só temos sangue nos hospitais porque há alguém benévolo que o dá voluntariamente»

Cara a Cara – Entrevista: Amélia Manso

P – A que se ficou a dever a paragem da Associação de Dadores de Sangue da Guarda?

R – Deixou de haver promoção da dádiva de sangue, ainda que se tenham vindo a fazer algumas acções, daí que não se possa falar de uma paragem efectiva, mas de um certo “adormecimento” da associação. Agora, só mesmo as pessoas envolvidas poderão responder melhor a esta questão, porque eu, sinceramente, não sei o porquê deste “adormecimento”, além da tal não promoção da prática de dar sangue.

P – O que se pode fazer para a dinamizar? Que novos projectos há em vista?

R – Aquilo que pretendo é promover, todos os anos e em todas as escolas, a dádiva de sangue. É muito importante que os mitos em torno desta temática deixem de existir para que as crianças começem a perceber desde cedo que a dádiva de sangue é muito importante. Este é um assunto muito sério. Só temos sangue nos hospitais porque há alguém benévolo que o dá voluntariamente. Não há nada que o substitua, portanto, ou temos voluntários ou há caos nos hospitais. Por outro lado, espero contar com o apoio da comunicação social na divulgação de “brigadas” [campanhas de recolha de sangue] que conto promover pelo distrito. Para 14 de Agosto está já marcada uma destas actividades na zona da raia, com a colaboração de 10 Juntas de Freguesia.

P – Nesse sentido, considera que há falta de informação na Guarda relativamente a esta temática?

R – Temos aqui bons dadores, mas a população em geral está mal informada. Mas também estão mal informadas porque não há informação, não se promovem colóquios, o que também não ajuda. Há alunos a sair do Politécnico da Guarda que nunca ouviram falar em dádivas de sangue e isso entristece. Há muita falta de informação a este nível e, se calhar, o IPG está a falhar um bocadinho nisso.

P – Como estão neste momento as reservas de sangue no Hospital da Guarda?

R – Há sempre altos e baixos. Quando as pessoas vão de férias temos menos sangue e deveríamos ter mais, precisamente porque as pessoas estão fora ou não estão predispostas a fazer uma doação. Durante o resto do ano vamos tendo, mas nunca em grandes quantidades. Todo o sangue é bem vindo.

P – A que se deve essa situação?

R – Para além dos períodos de férias que já referi, a falta de informação é a principal causa da falta de sangue. Ainda assim, há muitas instituições solidárias com esta causa.

P – Podemos então dizer que, apesar da falta de informação existente, há boa vontade e espírito solidário na Guarda?

R – Completamente. Por exemplo, tenho tentado divulgar a dádiva de sangue, nomeadamente com a colocação de cartazes pela cidade e em diversos estabelecimentos, e nunca ninguém me disse que não os podia colocar. Por outro lado, noutro dia pediu-se um dador compatível de medula óssea para uma miúda com leucemia e apareceram cerca de 600 dadores. Portanto, isto quer dizer que as pessoas são sensíveis a esta temática.

P – Quantos dadores de sangue tem neste momento a associação?

R – Tem cerca de 2.500, número que engloba todo o distrito.

P – Sente que a associação foi afectada pela polémica levantada com os dadores inscritos como militantes do PS?

R – Não comento.

Amélia Manso

«Só temos sangue nos hospitais porque há
        alguém benévolo que o dá voluntariamente»

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