A Resiestrela propôs ao Ministério do Ambiente uma redução de 34 cêntimos da tarifa paga pelos municípios por cada tonelada de resíduos, em consequência dos resultados positivos alcançados no primeiro ano da empresa. A revelação foi feita na passada sexta-feira pelo presidente do Conselho de Administração (CA) da empresa multimunicipal de recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos, no final da Assembleia-Geral que aprovou o relatório e contas de 2009.
O pedido foi apresentado em Setembro último, mas a resposta da tutela ainda não chegou, devendo o valor cobrado passar dos actuais 50,72 euros para 50,38 por cada tonelada de lixo. «A nossa expectativa é que o concedente vá no mesmo sentido da proposta da Resiestrela e que a tarifa de 2010 já seja inferior à de 2009», adiantou Rui Nobre Gonçalves. Esta redução só é possível graças aos cerca de 4,4 milhões de euros de volume de negócios alcançados no ano passado pela empresa, bem como a um resultado líquido positivo de 791 mil euros. Aquele responsável admitiu tratar-se de «uma redução bastante pequena, mas um primeiro sinal da tendência de diminuição da tarifa que os municípios pagam, além de poder indicar que a empresa poderá ter sustentabilidade a médio e longo prazo». O presidente do CA acrescentou ainda que a gestão de resíduos na Cova da Beira está «no bom caminho para prestar o melhor serviço às populações e manter um serviço de qualidade, já que as condições económicas da empresa estão garantidas».
Na Assembleia-Geral da semana passada foi igualmente registado o aumento da separação e recolha de lixo em 2009. Recorde-se que há um ano, Rui Nobre Gonçalves estabelecia como prioridade o aumento em 20 por cento da recolha selectiva de lixo, uma «meta alcançada», considerou, ao verificar um aumento «na ordem» dos 23 por cento. «O objectivo é continuar a recolher mais e esperemos chegar ao fim de 2010 com cerca de 700 ecopontos em toda a área da Resiestrela, sendo que neste momento o número está abaixo dos 600», referiu.
«As dívidas dos municípios são um obstáculo à redução mais acentuada da tarifa»
A dívida acumulada da Águas da Covilhã e deste município já é cerca de 50 por cento do passivo da Resiestrela, ou seja 2,2 milhões de euros de montante vencido. Referindo os casos da Guarda e Fundão, onde «houve um grande progresso na regularização dos débitos», Rui Nobre Gonçalves sublinhou que «o grande problema» da Resiestrela tem a ver com a «falta de colaboração» da Águas da Covilhã e do município relativamente ao cumprimento das suas obrigações. Recorde-se que a Covilhã não é accionista da empresa, mas utilizador do sistema de recolha de resíduos. O responsável lembrou que a administração da Resiestrela tem «repetidamente convidado e insistido» com aquele município para que colabore com o sistema «de uma forma mais proactiva e para que se torne accionista», mas sem êxito até ao momento.
«A Covilhã ainda não deu os passos suficientes para uma relação saudável com o prestador de serviços», reconheceu, sublinhando que o serviço prestado é «igual ao que fornece a qualquer accionista», embora lhe aponte «certas exigências», como a abertura das instalações, porque tem mais resíduos para entregar. «É um peso sobre as contas da Resiestrela e é também um obstáculo a uma redução mais acentuada da tarifa», declarou o presidente do CA, para quem este problema causa «injustiça entre uns e outros municípios, até porque o serviço nunca deixou de ser feito». No entanto, o diferendo está em tribunal desde Janeiro do ano passado. Celorico da Beira é outro dos «casos preocupantes» para a empresa. Apesar de ser um município relativamente pequeno, já atingiu uma dívida acumulada de cerca de um milhão de euros, valor considerado «exorbitante» pela administração da Resiestrela. «Tivemos que avançar para tribunal», lamentou Rui Nobre Gonçalves, lembrando que a via judicial é o último recurso da empresa em casos similares.
Rafael Mangana