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Clientes lamentam fim do Café Central

Espaço localizado no centro da cidade é ponto de encontro para muitos guardenses

Artur Pina é cliente há quase 20 anos, tantos como tem o próprio café. A “relação” é duradoura e intensificou-se nos últimos tempos, desde que se reformou. Vem todos os dias, geralmente com um grupo de amigos. «Agora que o Central vai fechar, para onde haveremos nós de ir?», pergunta o cliente. Na mesa, que partilha com dois amigos, junto à janela, ninguém arrisca uma resposta.

«Para nós, que vimos aqui todos os dias, vai fazer falta», antevê Artur Pina, reagindo assim ao negócio entre a família Canotilho e o grupo Crédito Agrícola – que já comprou o edifício onde o café está instalado e tem planos para o espaço. E logo se põe a recordar os tempos em que a cidade dispunha de outros espaços de tertúlia e convívio, como os míticos Café Mondego, o Monteneve ou a Cristal, bem mais antiga. «O Café Central é o único que se pode comparar a esses», garante Amílcar Reis, do outro lado da mesa, demonstrando estar «em sintonia» com o amigo Artur Pina. Também já reformado, Amílcar Reis é outro dos guardenses que há muito incluiu o Central no seu quotidiano. Vem pelo menos uma vez por dia. «Às vezes de manhã e à tarde», refere, acrescentando que só quer «uma sala onde se possa cavaquear um pouco com os amigos» e que seja «ampla», enquanto mostra alguma «tristeza» pelo anunciado fim do espaço – que vai dar lugar a um balcão da Caixa de Crédito Agrícola da Serra da Estrela.

O grupo parece não vislumbrar outro café da cidade que possa ser o seu próximo ponto de encontro. «Havemos de arranjar outro local, mas não estamos a ver onde e nem qual», diz Amílcar Reis. Quem também não sabe que café frequentar depois do encerramento do Central é José Pinto David, outro rosto conhecido no estabelecimento localizado bem no centro da Guarda, na rua Marquês de Pombal. «Nem queria acreditar quando li a notícia», reage o cliente, sentado sozinho numa mesa a meio da sala, com O INTERIOR nas mãos. Conta que foi de tal forma apanhado de surpresa que até pediu «ao empregado [de mesa] para confirmar» a notícia. O seu dia-a-dia vai mudar. Depois do habitual passeio da tarde, que faz diariamente, terá de escolher outro espaço para tomar café e beber a sua água. «Há poucos cafés na Guarda que tenham as condições que este tem», avalia. Cliente desde que o Central abriu, José Pinto David diz não ter dúvidas de que «a maioria das pessoas que costuma parar por aqui vai sentir a falta deste café».

«A mim vai fazer de certeza muita falta, porque trabalho aqui perto», diz, por sua vez, Leonor Gomes, professora na vizinha escola Augusto Gil, que, por vezes, dá «uma escapadinha» a meio da tarde para um café ou um lanche rápido ao balcão. «Será uma pena, porque costuma ser até o ponto de encontro entre várias pessoas que trabalham nas escolinhas desta zona da cidade», lamenta esta cliente, para quem faz «mais sentido que o espaço acolha um café, dado o largo em que está, do que um banco». Opinião idêntica tem Luci Firmino, para quem o espaço é «agradável e muito central», sendo até uma «mais-valia» para quem circula numa zona da cidade com muitos serviços públicos, bancos, escolas, entre outros. «Se o Central vai deixar de existir é mau para a Guarda», considera, lamentando-lhe o mesmo destino que tiveram o Mondego e o Monteneve.

Veja a reportagem em www.ointerior.tv.

Artur Pina (à direita) vem todos os dias ao café com os amigos

Comentários dos nossos leitores
cc clara.costa1957@gmail.com
Comentário:
Finalmente vão transformar o Centro da cidade num deserto. Este é o toque do sino como sinal que a cidade morreu. D. Sancho deve estar a dar voltas e voltas na tumba ao ver de que nada valeu lutar e dar nome a esta “Cidade” Falsa, Feia, Fraca e de outros F´s.
 

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