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«O TeatrUBI tem feito mais pela promoção externa da universidade do que muitas campanhas»

Cara a Cara – Entrevista: Rui Pires

P – O que se pode esperar da 14ª edição do Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior?

R – Primeiro que tudo, há um regresso aos moldes e às datas habituais do festival, a começar por altura do aniversário do TeatrUBI, que este ano comemora 21 anos, e a acabar no Dia Mundial do Teatro. Depois, porque temos mais espectáculos de companhias profissionais, num total de cinco. Isto também se deve ao facto de ser uma co-organização com a ASTA – Associação de Teatro e Outras Artes. O que espero do festival é que tenhamos mais público que em anos anteriores.

P – Como correu a estreia de “Empresta-me o teu coração”? A adesão do público foi a esperada?

R – A estreia correu muito bem. A adesão do público foi uma boa surpresa. No primeiro dia e na estreia tivemos 200 pessoas. Não estava nada à espera, até porque estávamos a competir com dois jogos de futebol, com o Benfica e o Sporting. Foi muito bom. As pessoas já não têm o hábito de ir ao teatro, mas quando há futebol vão menos ainda. Apesar de ser um espectáculo nosso e quando isso acontece, uma vez que residimos na cidade e conhecemos mais pessoas, temos sempre mais público do que normalmente quem vem de fora. De qualquer forma, superou as expectativas, porque estava à espera, no máximo, de umas 100 e tivemos o dobro.

P – A organização tem alguma média esperada em termos de espectadores?

R – Se a média de 200 espectadores se mantivesse até dia 27 seria uma vitória. Até ao ano passado tínhamos uma média de 100 espectadores por dia. Se conseguirmos superar isso, nem que seja só para 150 diários, já seria muito bom. Não nos podemos esquecer da falta de hábitos culturais que há no país e, sobretudo, no interior. A oferta cultural, apesar de ser alguma, também é por épocas. Há épocas na Covilhã em que acontece muita coisa e há outras em que não se passa nada. Por exemplo, neste ano ainda não aconteceu praticamente nada e já estamos no final do primeiro trimestre, pelo que esta é uma oportunidade para as pessoas verem, até dia 27, um espectáculo diferente todos os dias.

P – Este ano nota-se uma certa diminuição no número de grupos estrangeiros. Porquê esta opção?

R – Este ano até queríamos ter ainda menos grupos estrangeiros. Chegou a haver edições em que tínhamos mais grupos estrangeiros do que nacionais e então este ano, pela primeira vez, optámos por convidar todos os grupos de teatro universitários que existem em Portugal. Só que nem todos responderam afirmativamente ao nosso convite por motivos de diversa ordem. Só depois decidimos contactar vários grupos espanhóis, alguns que já conhecemos há vários anos, como o de Granada, e escolhemos também um que nunca tivesse vindo, como o de Santiago de Compostela. Este ano, a opção era um pouco tentar fazer quase um festival de âmbito nacional.

P – O maior apoio concedido pela nova equipa reitoral permite ao festival ter mais qualidade?

R – Mais qualidade não sei, porque isso também se mede pela qualidade artística dos espectáculos apresentados. Mas o maior apoio permite que o TeatrUBI, em vez de gastar mais dinheiro próprio dos poucos apoios que tem, possa canalizar essas verbas para outros projectos e actividades. Esta equipa reitoral duplicou o apoio da anterior. Até ao ciclo do ano passado, a antiga pagava apenas as refeições na cantina e esta equipa decidiu apoiar ainda no alojamento. Espero que esta nova visão se mantenha e que possam apoiar ainda mais o TeatrUBI porque tem feito mais pela promoção externa da universidade do que muitas campanhas de publicidade e de marketing. Temos levado o nome da UBI além fronteiras e acho que é uma pena nunca terem visto a mais-valia que têm nas mãos.

Rui Pires

«O TeatrUBI tem feito mais pela promoção
        externa da universidade do que muitas campanhas»

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