Abre hoje ao público, no Museu da Guarda, a exposição “Porcom, Oilam, Taurom – Cabeço das Fráguas: o santuário no seu contexto”. A mostra, realizada em parceria com o Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, apresenta as mais recentes descobertas naquele lugar emblemático no topo de um monte nos limites dos concelhos da Guarda e Sabugal.
O destaque vai para o molde da inscrição rupestre em língua lusitana identificada no local, que, pela primeira vez, vai ficar acessível ao grande público. Graças a esta reprodução à escala natural da laje, o texto epigráfico que descreve a oferenda de animais a diversas divindades está salvaguardado e acessível a investigadores e eruditos – que, até agora, tinham que subir a cerca de 1.020 metros de altitude. O inédito desta operação é que os cerca de cinco mil euros gastos na concepção do molde foram suportados pelo Grupo dos Amigos do Instituto Arqueológico Alemão de Madrid e pela firma Noraktrad, do Grupo Norak, sediada na capital espanhola. Patentes nesta exposição estão também peças em bronze e ferro, bem como objectos de cerâmica, que foram descobertos pelos arqueólogos desde 2006 no espaço do antigo santuário que ali existiu entre os finais do século VIII a.C. e o século I da nossa era. Todo este material vai dar origem ao núcleo do Cabeço das Fráguas no Museu da Guarda.
As sucessivas campanhas de escavação, da responsabilidade do Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, em colaboração com o museu guardense e a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, já deram origem a um pedido de classificação do sítio como Monumento Nacional. O assunto está no Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) há mais de dois anos. O trabalho da equipa de arqueólogos luso-alemães, liderada por Thomas Schattner. A exposição está patente até 30 de Maio, podendo ser organizadas visitas guiadas. O Cabeço das Fráguas ganhou notoriedade com a descoberta, em 1943, da inscrição rupestre pelo general João de Almeida, posteriormente publicada e divulgada por Adriano Vasco Rodrigues numa monografia de 1956. Depois de intrigar curiosos e estudiosos, o achado é hoje famoso no meio científico europeu, sendo similar a outro existente na zona de Cáceres (Espanha). «A inscrição conjuga no mesmo texto o alfabeto latino e a chamada língua lusitana, falada na época pré-romana em praticamente todo o Ocidente hispânico», adianta o Museu da Guarda.