Na cerimónia dos Oscars deste ano, Kathryn Bigelow ganhou o prémio para Melhor Realizadora e também a estatueta de Melhor Filme com “The Hurt Locker”, vencendo o grande favorito “Avatar”, de James Cameron, ex-marido de Bigelow. Eis um divórcio moderno: em vez da casa ou de metade da fortuna, a realizadora ficou com o prémio. Quando todos julgavam que a custódia do Oscar iria ser entregue a Cameron, a Academia de Hollywood portou-se como a justiça portuguesa e entregou-a à mulher. Parece que houve alguma ponderação na decisão e atribuir o prémio a Bigelow foi um acto de justiça reparadora, já que James Cameron levou com ele na altura do divórcio todas as pessoas dispostas a sair de casa para ir ao cinema. Ou seja, Cameron ficou com o público, Bigelow com os prémios.
O Observatório de Ornitorrincos, sempre atento às questões importantes do nosso tempo e na vanguarda das ponderações necessárias, apresenta aqui os critérios relevantes quer para ter atribuído o prémio a “Avatar” como para não lhe conceder o Oscar. Comecemos por estes:
Razões contra “Avatar”
A figura de Kathryn Bigelow aos 58 anos
Ser uma espécie de “Uma Aventura em Pandora”
Os bonecos azuis de olhos esbugalhados
O 3D que os meus olhos não conseguem decifrar
Ter tido mais espectadores que “Titanic”
O deus dos Na’vi ser uma árvore com pirilampos
As pipocas espalhadas pela sala
Os soldados americanos serem mandados para casa
“The Hurt Locker” ser mesmo um bom filme
Ter montanhas flutuantes
Ter levado 15 anos a preparar (tinha dado tempo para escrever vários bons guiões enquanto aguardava pela tecnologia)
As criaturas azuis falarem inglês com pronúncia igual às dos índios nos livros do Lucky Luke
Razões a favor de “Avatar”
Por: Nuno Amaral Jerónimo