O presidente da Câmara da Guarda admite ter ficado «mais preocupado» com o aumento dos despedimentos na Delphi anunciado na semana passada.
Reiterando que tem «a consciência tranquila» com as diligências efectuadas junto da administração central, Joaquim Valente garantiu ter feito «o que podia» neste assunto. De resto, esteve reunido na segunda-feira com o secretário de Estado Adjunto, da Indústria e do Desenvolvimento, Fernando Medina, para falar sobre este e outros assuntos de forma «a encontrar soluções que, de certa forma, anulem este drama». No entanto, o autarca diz-se convicto que as instalações da multinacional de cablagens «ainda têm condições para virem a ter actividade neste ramo ou noutro similar, assim essas empresas sejam competitivas em termos de preços e mercado». E considerou que o tempo em que a economia da Guarda assentava na construção civil e na indústria de componentes para automóveis está a acabar: «O importante é apostar nas PME e na criação de mais empresas com menos trabalhadores, porque as fábricas com dois mil e tal trabalhadores são, hoje, uma miragem. Temos que ser criativos e pensar diferente», referiu.
Mais crítica é a concelhia da Guarda do PCP, que, em comunicado, desconfia que os 286 despedimentos anunciados na quinta-feira «colocam grandes preocupações no futuro desta importante unidade fabril do distrito». Os comunistas consideram ainda que «esta, como outras situações, não são inevitáveis e dependem da vontade e opções políticas que visem defender o aparelho produtivo e os direitos dos trabalhadores ao invés das medidas seguidas de defesa dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros». A Direcção da Organização Regional da Guarda (DORG) já informou o grupo parlamentar do partido com vista a que sejam encontradas na Assembleia da República «soluções para evitar os despedimentos na Delphi e o consequente desastre económico e social de grandes proporções».