O investigador da Universidade do Porto Carlos Pimenta estima que a economia paralela represente 22 por cento do PIB nacional, acima da média europeia dos países da OCDE, que é da ordem dos 16,3 por cento.
Trata-se de um «número preocupante» para o responsável do Observatório de Economia e Gestão de Fraude da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, que revelou estes dados no Parlamento, na passada terça-feira, numa audição na comissão eventual contra a corrupção. A chamada «economia não registada» representa as actividades que não passam pela contabilidade nacional, com o objectivo de fuga ao fisco, as actividades ilegais, como o tráfico de seres humanos, droga, órgãos, e a economia informal, isto é, o «biscate, o pluriemprego, o “tentar safar-se”», estando ainda ligada a fenómenos de branqueamento de capitais, uma realidade a que não se pode ficar indiferente, defendeu o responsável. Segundo estes dados, Portugal situa-se acima da média dos países da OCDE, e muito além do valor dos Estados Unidos (8,4 por cento), mas longe dos 68 por cento da Geórgia.
«Há uma relação estreita entre o aumento da economia não registada e a financeirização da economia à escala mundial, nomeadamente do funcionamento das bolsas», apontou, referindo que «a fatia das actividades ilegais tem-se reforçado significativamente». Outro dado divulgado por Carlos Pimenta tem a ver com a fraude ocupacional – contra as instituições –, e que representa, disse, 10 por cento do volume de vendas das empresas. «Há dez por cento que ou é desviado ou não é registado na contabilidade, que acaba por não entrar na empresa», afirmou o investigador.