Hoje é inevitável falar do momento político. Hoje é inevitável recordar as horas que passei com algumas prestigiadas figuras que podem ser o futuro de Portugal e hoje é toleima evitar a crise nacional. Conheço o Paulo Penedos do PS de Coimbra e tenho a certeza de que muitas vezes é insensato, muitas vezes a vaidade e a ambição o cegam. Por conhecimento de vivência feito não duvido de que pode ter tentado demonstrar serviço onde lhe era pedida descrição e sei que jamais a conseguiria ter. O Paulo Penedos, contrariamente a seu pai, não é discreto, nem tímido nem sensato.
Conheci José Pedro Aguiar Branco na mesma altura que Helena André. Foi em Praga e era o Inverno de 1989. Fomos com o Álvaro Beleza e levámos flores para a Revolução pacífica que ali ocorria, em nome das associações de jovens profissionais portugueses. Distribuímos milhares de rosas e fizemos Mário Soares conhecer Václav Havel num processo que José Manuel Fernandes (o ex-director do “Público”) uns anos mais tarde também censurou e manipulou como notícia. Deste episódio fez-se um livro editado pela Fundação Eng. António de Almeida (Porto), de algum modo ligada à família Aguiar Branco. O José Pedro pareceu-me uma pessoa interessante, séria, com muitas certezas para a idade e com umas pitadas de ciúme. A Helena André era simples, afável e não tinha sinais de pessoa ambiciosa. Recordo termos ido os três às compras. Uns anos mais tarde, o mesmo Aguiar Branco que partilhara um quarto comigo naqueles dias de Praga recebeu-me (a meu pedido) no seu escritório do Porto de forma absolutamente formal. Tenho a crença de que são estes gestos que nos caracterizam e nunca o que falamos. Assim, percebi o homem que uns anos depois seria ministro da Justiça. A ambição, a organização, a cerimónia e a distância. A Helena André é agora ministra.
Estes três protagonistas provavelmente não se recordam deste escritor menor e possivelmente teriam rebuço em comentar as horas que passámos juntos, mas aquelas mesmas horas permitem-me hoje ser menos distante de tantos outros cronistas que deles falam. E posso afirmar que é minha convicção que Aguiar Branco continua sério, honesto, convencido e com a determinação necessária para tentar liderar o PSD. Será uma boa alternativa para Portugal. Paulo Penedos é um pedaço de mau caminho e não sei se aprende desta vez ou se novamente confabula que só ele leva a razão. Helena André é boa gente e vai ter muitas dificuldades no posto que agora ocupa.
Por: Diogo Cabrita