Do artesanato e gastronomia regional até às máquinas agrícolas, a 15ª Feira das Tradições e Actividades Económicas de Pinhel ofereceu produtos e animação para todos os gostos durante os três dias de um evento que terminou no domingo. Na abertura do certame, este ano subordinado à temática dos brinquedos tradicionais, o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural ouviu o presidente da Câmara reclamar mais investimentos do Estado no interior do país.
António Ruas considerou a feira «o nosso melhor cartão de visitas e um motivo de orgulho para Pinhel», sustentando que o evento pretende «lembrar e homenagear artes e ofícios de outros tempos», bem como mostrar «o quanto os nossos recursos endógenos e as particularidades do nosso território podem ser instrumentos de enriquecimento socioeconómico». O edil pinhelense quer uma «maior sustentabilidade para o concelho de Pinhel e para a região», um objectivo que, na sua opinião, só será conseguido «se houver por parte do Estado uma preocupação crescente de igualdade territorial». O autarca lembrou que se ouve falar «muitas vezes na necessidade de uma maior equidade na distribuição dos investimentos, das verbas nacionais e dos apoios comunitários, de modo a permitir um desenvolvimento mais equilibrado e homogéneo entre as diferentes regiões», mas «poucas vezes o sentimos na realidade».
Por isso, chamou a atenção para a «grande diferença» sentida entre «as intenções manifestadas pelos diferentes Governos e as realidades vividas pelas comunidades do interior». De resto, considerou que «a actual capacidade de mobilidade de pessoas e bens permite-nos pensar que alguns investimentos de Portugal, nos últimos anos, poderiam ter sido realizados neste interior que, em termos geográficos, até está mais próximo do “coração” da Europa». Relembrando o desemprego gerado pelo fecho da Rohde, António Ruas salientou a importância de «qualificar as pessoas e atrair empresas que sejam potenciadoras de novos empregos geradores de riqueza, auto-estima e bem-estar social». Na resposta, o governante frisou que a feira de Pinhel, realizada precisamente nas antigas instalações da fábrica de calçado, é «um exemplo de como é possível reconverter e reaproveitar equipamentos». Rui Barreiro defendeu que «Portugal tem que ser um país mais equilibrado, desenvolvido e equitativo» e que «temos que criar condições fiscais para a captação de empresas, mas também criar condições para ter mais postos de trabalho». O secretário de Estado considerou ainda que «os portugueses começam a perceber cada vez mais que não podem estar à espera que sejam os outros a resolver os problemas por nós».
Ricardo Cordeiro