Os vereadores na oposição na Câmara da Covilhã consideram que o surgimento de uma agência de promoção turística de cariz concelhio «só poderá entravar e menorizar» o desenvolvimento do sector na região da Serra da Estrela, ao mesmo tempo que irá gerar custos «inevitáveis e significativos» para o município. Na última reunião do executivo, na passada sexta-feira, a maioria social-democrata aprovou, com os votos contra do PS, a criação da nova entidade – cujo primeiro passo foi dado em Janeiro, com a constituição da associação Turismo da Covilhã.
«Se o bom senso não imperar, perderemos o comboio do desenvolvimento turístico da região e ficaremos sozinhos na plataforma da estação», afirmou Vítor Pereira no final da reunião, de carácter privado. Para o socialista, o afastamento da Covilhã da Turismo Serra da Estrela (TSE) vai também «enfraquecer este projecto colectivo, lesando os interesses da região». O propósito da maioria PSD é, no entender do vereador da oposição, «desvalorizar e esvaziar» a entidade regional de turismo. A decisão de criar a nova estrutura «poderá comprometer definitivamente a permanência da sede [da TSE] na Covilhã, que, como é sabido, é desejada noutros municípios», referiu ainda. A questão financeira é outra das preocupações dos socialistas, visto que os estatutos da novel associação prevêem «a remuneração do director executivo, a contratação de funcionários e a possibilidade de remuneração de outros titulares dos órgãos sociais», constatou. Além disso, a Turismo da Covilhã «não poderá, como é de lei, candidatar-se a fundos comunitários destinados a este sector de actividade», alertou Vítor Pereira, para quem o ideal seria pôr de parte a «fulanização» e as «tricas».
«O que o senhor vereador não diz é uma acção turística de promoção [da TSE] que esteja na memória das pessoas», reagiu Carlos Pinto, ao afirmar que a Turismo da Covilhã surge na sequência da «improficuidade» daquela entidade. Considerando que a TSE serve apenas para «garantir emprego a algumas pessoas», o presidente da Câmara disse que a ideia é «trabalhar a favor dos interesses da Covilhã, coisa que a comissão regional de turismo não tem feito» e dar «um impulso forte a tudo o que interessa à cidade e à Serra da Estrela em termos de promoção turística». O autarca adiantou que a agência vai ser instalada para começar «a trabalhar de uma forma objectiva e operativa», sendo que a abertura de um posto de turismo à entrada da cidade será uma das primeiras medidas.
Segundo Carlos Pinto, a gestão desta nova entidade ficará a cargo de Pedro Farromba – que na sexta-feira passou a integrar o executivo, substituindo Luís Fiadeiro, que pediu suspensão do cargo de vereador por um ano devido a «razões de ordem pessoal». Pedro Farromba, também presidente da direcção da Federação de Desportos de Inverno (FDI) e um dos fundadores da associação Turismo da Covilhã, foi o oitavo nome da lista de Carlos Pinto e fica com o pelouro das actividades económicas. Além deste, são associados fundadores da Turismo da Covilhã, em nome individual, Artur Costa Pais, da Turistrela, Lino Torgal, do Clube Nacional de Montanhismo, o advogado David Fontes Neves e o vereador Pedro Silva, para além de Carlos Pinto. O INTERIOR tentou contactar o presidente da TSE, Jorge Patrão, mas sem sucesso.
Contactado por O INTERIOR, o presidente da TSE disse encarar com «naturalidade» a criação da nova estrutura, considerando tratar-se de «um problema de escala municipal apenas». Relativamente a uma eventual deslocalização da sede, Jorge Patrão afirmou que «ainda não foi discutido esse assunto», não competindo tal decisão à TSE.