Com o final do ano e as respectivas festividades passou-me ao lado um interessante descoberta ao largo do arquipélago dos Açores, que recupero hoje.
Um grupo de cientistas portugueses pertencentes à Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental Portuguesa (EMEPC) descobriram uma depressão do fundo oceânico próximo dos Açores. Até aqui, seria mais uma descoberta para cartografar o Oceânico Atlântico. A novidade desta cratera está no motivo que a criou, uma vez que estes cientistas acreditam que resultou do impacto de um meteorito.
A cratera é relativamente circular, com uma cavidade com seis quilómetros de largura, possuindo uma ampla cúpula central com três quilómetros de diâmetro e 300 metros de altura, pelo que foi denominada “Ovo Estrelado”. Caso se confirme que a sua origem resulta do impacto de um corpo exterior, estima-se que a colisão tenha ocorrido nos últimos 17 milhões de anos, a provável idade máxima do fundo basáltico da rocha submarina onde está a cratera. Para confirmar a presença da cratera é necessário recorrer a alguns estudos mais profundos, nomeadamente retirar amostras e fazer um perfil das camadas sedimentares, para determinar se existe realmente uma elevação central decorrente de um impacto. Por outro lado, é também necessário analisar os sinais consistentes com um impacto a alta velocidade, como a acumulação de materiais rochosos e a existência de fragmentos de rocha de forma cónica, que se formam a partir das altas pressões associadas a fenómenos vulcânicos e ao impacto de meteoritos.
O “Ovo Estrelado” foi inicialmente identificado a partir de informação reunida numa investigação hidrográfica, em 2008. A sua origem vulcânica parece improvável, pois os investigadores não conseguiram descobrir a presença de correntes de lava na estrutura ou nas suas imediações, contudo uma expedição, a realizar proximamente, para retirar amostras do solo oceânico, poderá esclarecer a origem desta formação rochosa.
Mas até que ponto uma descoberta destas pode ser cientificamente válida?
O responsável da EMEPC realçou a importância desta descoberta, uma vez que qualquer que seja a origem desta depressão podemos retirar dividendos científicos e económicos. Caso esta formação geológica tenha origem no impacto de um meteorito, estará associada à concentração de metais, uma fonte de receitas. Por outro lado, se a origem for vulcânica, resultou do chamado vulcão de lama normalmente associado à ocorrência de metano, muito importante do ponto de vista energético.
Estas novas descobertas mostram a importância dos fundos oceânicos na investigação científica uma vez que, podem trazer novas soluções para os problemas actuais.
Por: António Costa
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