Os enfermeiros iniciaram ontem uma greve de três dias que afectará «todos os serviços», prestando apenas os cuidados necessários para não colocar em risco a vida dos utentes, adianta o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
«No geral, todos os serviços serão afectados pela greve, tal é a onda de indignação e revolta em todo o país. Será mais perceptível a não realização de intervenções cirúrgicas, exceptuado as urgentes, e ainda a ausência de enfermeiros na generalidade dos centos de saúde e nas consultas externas dos hospitais», afirmou João Carlos Martins, à agência Lusa. Neste contexto, o SEP lança um apelo à população para que se dirija aos serviços de saúde apenas em caso de urgência. No que respeita aos serviços mínimos, o dirigente disse que serão realizados «apenas os cuidados que se não forem prestados colocam em risco a vida dos utentes». O SEP espera uma adesão «muito elevada» à greve, avaliando pela «revolta e indignação» da classe relativamente às propostas do Ministério da Saúde.
«As últimas greves têm rondado os 70/80 por cento. A expectativa para esta é superior, porque o nível de descontentamento é muito grande», referiu. João Carlos Martins adiantou que existe uma «enorme disponibilidade para explicitar na rua essa contestação, estando prevista uma série de iniciativas, que culminam com uma manifestação nacional no dia 29». Para o dia de hoje estão programadas acções de protesto, como marchas lentas de carro nalgumas cidades e concentrações de enfermeiros fardados à porta dos hospitais. Os profissionais contestam a última proposta salarial da tutela, «inferior à apresentada anteriormente». Afirmam-se «humilhados» perante a proposta de ingresso na carreira a receber 995 euros, «abaixo dos actuais já injustos 1020 euros e muito longe dos 1200 euros de qualquer outro licenciado na Administração Pública». Os enfermeiros estão também contra as cotas que limitam o acesso de apenas 10 por cento ao topo da carreira.