A concessionária do turismo na Serra da Estrela volta a criticar o fecho dos acessos ao maciço central, dizendo que a situação «penaliza gravemente toda a região».
Artur Costa Pais, administrador da Turistrela, que gere dois hotéis e a estância de esqui na Torre, considera que «o encerramento e as reaberturas muito tardias» das estradas estão a tornar-se num «hábito» com consequências «graves» para a economia local.
«Mais uma vez, após uma noite sem nevar, os acessos ao maciço central da Serra da Estrela reabriram hoje [na passada quinta-feira] às 9h30. Mas já houve vários dias em que as estradas reabriram entre as 12 e as 13 horas, o que põe em causa o nosso serviço, postos de trabalho e a imagem da nossa região», sublinhou. Segundo o empresário, «os turistas já não vêm, pois, cada vez que neva, já sabem que as estradas estão fechadas. É uma ideia que quase se vulgarizou e que penaliza bastante quem trabalha na Serra». E exemplifica, dizendo que «a comida nos restaurantes estraga-se pela falta de clientes, os cafés não vendem cafés e nos hotéis notam-se os cancelamentos e os clientes a desesperar. Além disso, afasta-se também os possíveis visitantes das cidades e aldeias da região». Este ano, a EN 338, entre Manteigas e os Piornos, e a EN 339, que atravessa a zona alta da Serra, ligando a Covilhã a Seia, passando pela Torre e a Lagoa Comprida, estiveram fechadas ao trânsito vários dias por causa dos nevões.
A Turistrela sugere, por isso, a privatização do serviço de limpeza de neve com a introdução de um sistema de penalização por dias de estradas encerradas, como acontece em Espanha. «Com certeza que, nesse caso, haverá todo o interesse em manter as estradas abertas o maior número de dias, colocando mais meios mecânicos e humanos no terreno”, declarou Artur Costa Pais.
GNR já socorreu 242 pessoas este ano
A GNR socorreu 242 pessoas no maciço central da Serra da Estrela devido ao mau tempo nas primeiras duas semanas de Janeiro, revelou o capitão Marco Cruz, da Unidade de Intervenção. Em apenas 12 dias, entre 1 e 12 de Janeiro, o Grupo de Intervenção Protecção e Socorro (GIPS) acudiu 242 visitantes, quando durante todo o ano de 2009 foram socorridas em todo o país 179 pessoas, também apenas devido a «ocorrências de neve».
Os militares do GIPS prestaram ainda auxílio a 124 condutores «apanhados desprevenidos» na zona da Torre devido ao gelo e à neve que dificultou a normal circulação rodoviária, levando por vezes ao corte das estradas, adiantou o capitão. As situações mais comuns são a falta de «equipamento próprio para circulação de viaturas em estrada com gelo» e o descurar das «regras de segurança pelos turistas e condutores». O tenente-coronel Carvalho da Paixão, comandante dos GIPS, disse à Lusa ter havido duas situações que inspiraram «maior preocupação», um grupo de 13 turistas chineses e outro de três estudantes que ficaram isolados na serra devido ao mau tempo. Foram resgatados e acolhidos no posto da GNR na Serra da Estrela, onde lhes foi servido chá quente.
Luis Martins