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A propósito da neve…

Anotações

A sequência dos episódios proporcionados pela queda de neve na Guarda, e região, assinalou situações diferenciadas em que a capacidade de resposta ou a celeridade exigida defraudaram as expectativas do cidadão comum.

É certo que algumas variáveis meteorológicas podem, de um momento para o outro, anular os planos previstos e gerar o confronto com situações não equacionadas; contudo basta ter presente o perfil climatérico da cidade e a sua orografia para não se olvidarem esses dados.

As falhas, sucessivamente detectadas, devem ser objecto de uma atenta reflexão por parte das entidades a quem compete intervir, directa ou indirectamente, na resolução dos problemas subsequentes à queda de neve ou formação de gelo, assim como de outras ocorrências condicionadoras da normal circulação rodoviária.

Num primeiro momento o tradicional corredor de acesso à principal unidade hospitalar do distrito registou dificuldades e constrangimentos, faltando uma informação atempada para elementos (leia-se as rádios locais, por exemplo) que poderiam colaborar com os operacionais no terreno – como aliás foi oportuna e justamente assinalado na ocasião. Atendendo à sua função social e ao papel que as rádios podem desempenhar em situações de intempérie, não se justificará um apoio governamental – definida uma rede de prioridade regional, estabelecidos critérios e deveres – para a aquisição de geradores capazes de colmatarem quebras no fornecimento de energia eléctrica, assegurando a normalidade das suas emissões e a informação útil?

Em data posterior, e como é do domínio público, uma súbita descida de temperatura alterou os cenários previstos e as intervenções planeadas; a inconsciência de muitos condutores contribuiu também para piorar a já complexa situação do trânsito citadino (seria também interessante conhecer a percentagem de condutores que têm nos seus veículos os acessórios recomendados para a circulação na neve…).

No mais recente nevão o desvio de trânsito para a EN 18 implicou a afectação de meios para aquela estrada, deixando a claro algumas deficiências/insuficiência/racionalização ao nível dos equipamentos e ainda falhas de comunicação entre serviços e entidades.

É urgente que haja uma articulação e uma comunicação eficientes entre as várias entidades de forma a evitarem-se as deficiências diagnosticadas; importa, agora, ultrapassar as polémicas e definirem-se as fórmulas de actuação no futuro.

Talvez não fosse de todo despropositado pensar num local alternativo para a chegada e partida de veículos de passageiros sempre que as condições de circulação não permitam (ou não aconselhem) a subida até à Central de Camionagem, facilitando assim o eventual transbordo, o encaminhamento dos passageiros e a tarefa dos meios de apoio; a disponibilização/reforço de transportes urbanos a partir de locais avaliados como adequados (Póvoa do Mileu, Bairro do Pinheiro, Guarda-Gare, em alternativa aos veículos particulares) que permitisse a ligação através da VICEG com o eixo Avenida Rainha D. Amélia / Rua Batalha Reis, facilitaria a deslocação de muita gente para os seus serviços/empregos (ainda que houvesse a necessidade de se percorrerem a pé algumas dezenas de metros, já na zona central da cidade).

Tudo isto enquadrado, naturalmente, por uma informação atempada através das rádios locais, dos sítios das instituições na internet e dos canais institucionais; julgamos que, com o apoio das novas tecnologias, não será difícil a utilização de uma aplicação informática que – via internet, GPS, SMS, por exemplo – dê uma indicação precisa das artérias encerradas ou onde o trânsito não seja aconselhado.

Nestas (as mais problemáticas estão há muito identificadas) porque não se instala sinalização luminosa que active, remotamente, a proibição de trânsito? Os veículos e os elementos que têm a seu cargo a colocação da sinalização móvel poderiam assim estar disponíveis para acorrerem a outras solicitações, com todas as vantagens daí decorrentes.

A centralização da informação numa entidade – autarquia, protecção civil – permitiria uma percepção global da vida na cidade (quais as escolas encerradas, serviços, eventos adiados, vias de circulação alternativa, etc).

É claro que por parte dos responsáveis dos diversos serviços e instituições deverá haver uma rápida cooperação através do envio ou disponibilização (na Internet) da informação sobre as mesmas; igualmente os cidadãos não se podem demitir do seu dever de colaboração assim como do cumprimento das indicações/conselhos que lhe são transmitidos pelas autoridades.

Do esforço colectivo resultará uma maior eficácia na resposta aos problemas, a fruição da cidade pelos seus habitantes e forasteiros, uma imagem de organização e eficiência, um cartaz turístico que a neve ajuda a enriquecer.

Por: Hélder Sequeira

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