Ser operado de manhã a uma hérnia, às cataratas ou às varizes, entre outras intervenções, e regressar a casa durante a tarde já é possível desde segunda-feira, no Hospital Sousa Martins, com a entrada em funcionamento da unidade de cirurgia de ambulatório.
O novo serviço poderá tratar «até 10 doentes» por dia, estima o seu director, Dias Costa, que também espera contribuir para reduzir as listas de espera em cirurgia geral, ginecologia, dermatologia, gastrenterologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, ortopedia e urologia. Com instalações próprias no rés-do-chão e primeiro andar do edifício mais antigo do ex-sanatório, a unidade resulta da adaptação de uma das salas do bloco operatório e da zona dos serviços de Otorrinolaringologia e Oftalmologia. É composta por consultórios médico e de enfermagem, zonas de recobro (com seis camas e cinco cadeirões), uma área administrativa e o bloco operatório. As obras e o equipamento custaram cerca de 100 mil euros, comparticipados pelo Ministério da Saúde. Com Dias Costa trabalhará uma equipa própria de cinco enfermeiros, três auxiliares de acção médica e dois administrativos, além dos cirurgiões e anestesistas daquele serviço.
«As intervenções no ambulatório caracterizam-se por terem um tempo cirúrgico mais curto e técnicas menos invasivas, pelo que a recuperação do doente será mais rápida, o que lhe permitirá regressar a casa nesse mesmo dia», explicou o director da unidade. Vinte e quatro horas depois será contactado telefonicamente para se avaliar o seu estado e posteriormente regressará ao hospital para verificar a sua recuperação. De resto, o paciente terá direito aos medicamentos necessários para cinco dias de tratamento pós-operatório. Posteriormente, será acompanhado pelo seu médico de família, de cuja colaboração também depende o sucesso desta nova área no Sousa Martins. «Estes clínicos, assim como os cuidados domiciliários, vão ter uma importância fundamental na recuperação destes doentes», reconheceu Fernando Girão. Mas, para o presidente da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, também será necessário informar os pacientes sobre esta nova forma de trabalhar: «Para algumas pessoas, ainda é muito difícil compreender que se vá para casa no mesmo dia em que se é operado», disse.
O responsável sublinhou ainda que esta cirurgia de ambulatório garante «mais comodidade ao doente e rapidez assistencial, já que pode marcar a operação em menos de quatro semanas, além de aliviar muito as listas de espera». Além disso, a ULS reduz os custos com as intervenções. Fernando Girão acrescentou que a meta para este primeiro ano de actividade é «tentar ultrapassar os mil casos», sendo que a área de influência do serviço são 12 concelhos do distrito. «Este tipo de cirurgia já funciona em Seia desde Setembro, onde foram operados 200 doentes», justificou. No entanto, o acesso a este tratamento está dependente do estado de saúde do paciente, de doenças associadas e da sua aceitação, além de poder ser acompanhado ao hospital. Outro critério preponderante para a cirurgia de ambulatório é residir, ou permanecer no pós-operatório, a menos de 60 minutos do hospital. Se não cumprir estes requisitos, o doente transita para o internamento convencional.
Luis Martins