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«A estância é cada vez mais visitada por turistas estrangeiros»

Cara a Cara – Entrevista: Ricardo Abreu

P – Quais as expectativas para esta época na estância de esqui da Serra da Estrela?

R – A Estância Vodafone, da Turistrela, está em constante processo de evolução. Tem capacidade para receber três mil pessoas por dia e nesta temporada tem previsto um tráfego aproximado entre os 350 mil e 400 mil visitantes. Pensamos que, à semelhança de anos anteriores, a procura aumente, quer pelas condições oferecidas e os melhoramentos que têm vindo a ser efectuados de ano para ano, quer pela manutenção dos preços praticados na época transacta. É das poucas estâncias da Europa que manteve os mesmos preçários, ao contrário da estância mais próxima, por exemplo, que subiu o valor do passe de acesso aos meios mecânicos e pistas (“forfait”) de 25 para 35 euros.

P – Como tem sido a afluência nos primeiros dias em que a estância esteve aberta?

R – Os primeiros dias têm surpreendido muito. Mesmo com as condições climatéricas muito instáveis, temos tido uma procura fora do comum. O esforço que temos feito, sempre que nos é possível, em colocar os 44 canhões em funcionamento, tem dado os seus frutos e proporcionado muitas alegrias a quem nos visita de todas as partes do país.

P – Quais as principais novidades que a estância oferece este ano?

R – Assumimos que esta estância evolui de forma qualitativa para que possamos dar mais condições às famílias que nos visitam. O nosso compromisso passa, nomeadamente, pela abertura este ano de um parque infantil num espaço muito singular criado numa tenda da Mongólia e, simultaneamente, um “lounge” que privilegia os clientes dos hotéis da Turistrela. Aqui terão acesso aos equipamentos e ao passe de acesso aos meios mecânicos e pistas, evitando filas mais demoradas e usufruindo também de uma área de descanso e lazer. O reforço de monitores de esqui e “snowboard”, um canal interno de TV, cacifos de guarda de objectos pessoais, pontos de “vending” com produtos alimentares, além de um reforço de novos programas de experiências dedicados à neve, são outras das novidades.

P – Os desportos de Inverno têm cada vez mais adeptos em Portugal?

R – A Estância Vodafone é um pequeno jardim inserido na Serra da Estrela, com as suas limitações naturais e geográficas. Define-se cada vez mais como um local de aprendizagem muito familiar. Desta forma, temos registado um aumento dos visitantes que vêm ao encontro de uma primeira experiência na neve. Visitam-nos também os verdadeiros amantes dos desportos de Inverno, que, conhecendo e valorizando a nossa realidade, optam pela Estância Vodafone antes de se deslocarem para outras estâncias, regressando depois várias vezes até ao final da época.

P – Também o número de turistas estrangeiros tem aumentado? Quais os seus principais pontos de origem e, na sua opinião, a que se deve este crescimento?

R – Hoje, esta estância é cada vez mais visitada por turistas estrangeiros oriundos de diversos países da Europa e do Brasil, estando esta quota dividida por turistas alemães e de países nórdicos, essencialmente no Verão. Brasileiros e espanhóis no Inverno, sendo que os últimos representam já quatro por cento dos visitantes da Estância Vodafone. Este acréscimo traduz-se essencialmente no esforço de promoção do destino Serra da Estrela pela Turistrela, com a criação de programas especiais para escolas, com e sem alojamento, a preços bastante reduzidos. Passa também pela criação de programas de experiências de Verão e Inverno que têm vindo a ser promovidos numa brochura com formato passaporte nesses mesmos países, para dinamizar a região em todas as épocas do ano.

P – O corte das estradas de acesso ao Maciço Central é um problema recorrente. O que acha que devia ser feito para evitar esta situação?

R – A Serra da Estrela, especialmente no Inverno, é a alavanca mais importante para a economia de toda a região. O frequente fecho de estradas, umas vezes justificável, mas a grande maioria injustificável, tem efeitos nocivos, pois com a sua recorrência afasta os seus possíveis visitantes, tanto das cidades, aldeias até aos mais pequenos lugares. Chegamos ao cúmulo de qualquer pessoa que pretenda deslocar-se à região pense que as estradas estão fechadas após a queda de neve. Quase que se vulgarizou este pensamento, o que, com certeza, não nos beneficia em nada. A privatização deste serviço, com uma empresa experiente e conhecedora da região, com um sistema de penalização por dias de estradas encerradas, à semelhança do que já se faz, por exemplo, em Espanha, poderá ser uma boa solução. Com certeza que essa empresa terá todo o interesse em manter as estradas abertas o maior numero de dias, colocando mais meios mecânicos e humanos no terreno, realmente conhecedores deste problema e território.

Ricardo Abreu

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