No passado dia 5 de Outubro, dia em que se comemoravam os 99 anos da Implantação da República, a Câmara da Guarda prestou homenagem a João Gomes, advogado, republicano e grande referência da luta anti-fascista. Para além da actividade de advogado, João Gomes foi depois do 25 de Abril professor na Escola Secundária Afonso de Albuquerque de 1974 a 1978, quatro anos em que leccionou Introdução à Política. Já nos seus estudos João Gomes tinha frequentado durante 6 anos o Liceu da Guarda entre 1922 e 1928, após o que concluíra os estudos liceais em Viseu.
A homenagem consistiu na parte da manhã numa romagem ao cemitério e à tarde no lançamento do livro “João José Gomes – Homem do Pensamento e da Cultura / Homem da Palavra e da Acção” publicado na colecção Gentes da Guarda. Com uma nota introdutória de Joaquim Valente, Presidente da Câmara da Guarda e com prefácio de António Almeida Santos, o livro inclui depoimentos de personalidades muito variadas, que com ele conviveram antes e depois do 25 de Abril, com destaque para os antigos presidentes da República, Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. Igualmente colaboraram os amigos, como Afonso de Paiva, Augusto César de Carvalho, Álvaro Guerreiro, Augusto Monteiro Valente, José Igreja, Manuel Canaveira de Campos, João Lobo Antunes e Maria do Carmo Borges, entre outros.
A obra inclui uma cronologia pessoal e geral, que permite contextualizar a vida de João Gomes nos acontecimentos nacionais e mundiais, tendo sido feita sob a coordenação de António José de Almeida e José Manuel Mota da Romana e por Maria Isabel Gomes, filha do homenageado. A apresentação do livro esteve a cargo de António de Almeida Santos, que recordou na ocasião os momentos vividos junto de João Gomes antes e depois do 25 de Abril.
Numa conversa que mantivemos com Mª Isabel Gomes, esta referiu ao EXPRESSÃO que acedeu ao convite da Câmara para esta edição em Janeiro passado por ter considerado importante manter viva a memória e acção de homens como o seu pai, considerando a homenagem “justa e merecida” por tudo o que o seu pai fez “pela democracia e pela Guarda”. A seguir sugeriu que a coordenação do livro fosse feita por António José de Almeida e José Manuel Romana, amigos do seu pai. Seguiram-se os contactos com as personalidades e amigos para redigirem os artigos ou depoimentos, a escolha de materiais e fotografias. De Janeiro a Outubro foram “meses de alguma ansiedade”, em que reviveu emocionada a vida de seu pai. Era, segundo ela, “um homem inesgotável, um pai atento e dedicado, um trabalhador esforçado e incansável, um político corajoso, interveniente e um amigo sempre presente, que respeitou toda a vida os seus adversários”. Tudo passa, mas o livro “aí está e ficará para sempre”.