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4 Paredes

Finais de Outubro e já se ouviam os primeiros anúncios de Natal. Lá aparece a família toda reunida à volta do pinheiro, a sala decorada de cores quentes, as crianças deliciadas com os presentes e o barrigudo do Pai Natal e a sua previsível gargalhada: “Oh-oh-oh-oh!”

Ora, não sou grande especialista neste campo, mas, segundo os rumores, o Pai Natal foi inventado pela Coca-Cola. Como não confio em rumores, fui pesquisar. Na verdade, a Coca-Cola não foi a criadora da personagem, mas foi uma grande ajuda para torná-la no actual símbolo do Natal. Admito que é irresistível e contagiante o brilho nos olhos das crianças ao abrir as prendas… Terão um brilho igual se souberem, à partida, que quem dá as prendas, afinal de contas, são os pais e não o tal velhote gorducho vestido de vermelho?

Sim, até porque Jesus Cristo (que era quem trazia as prendas aos meus pais quando eles ainda eram crianças) é que é o aniversariante e, curiosamente, quem recebe menos atenção nesse dia… O Natal dos dias de hoje não conta tanto com a envolvência do espírito de um Menino Jesus magnânimo, promulgador da bondade, mas sim com a de prendas caras, grandes e pinheiros e luzinhas cintilantes por tudo quanto é sítio. Na verdade, esta é apenas mais uma prova de que a sociedade de hoje mudou o sentido dado ancestralmente aos valores – “desvalorizou-os”. Não devia ser uma época dedicada à família, à solidariedade, às boas acções, em vez de uma renhida competição pela casa mais vistosa do bairro ou pela aquisição da prenda mais cara, para que esse valor possa constar como emblema económico passível de se esfregar na cara dos amigos?

Afinal, o que realmente importa é um brilho nos olhos… De um amigo… Ou não?

por Diana Margarido *

* aluna do 12º A

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