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Beiralã retoma laboração em Janeiro

Credores aprovaram plano de recuperação apresentado pelo administrador da empresa

Após terem adiado por três vezes a votação do plano de insolvência, os credores da Beiralã, declarada insolvente a 1 de Abril, aprovaram a proposta de recuperação apresentada pelo administrador da empresa, na última quinta-feira. Rui Cardoso conta agora retomar a laboração da fábrica senense em Janeiro, com 30 a 40 trabalhadores.

Apesar do plano ter sido apreciado na quinta-feira, os resultados só foram conhecidos no dia seguinte. Feitas as contas, a proposta foi aprovada com cerca de 72 por cento de votos a favor e 28 contra. A Segurança Social (15 por cento), a Massa Falida da Fisel (17) e os trabalhadores (24), que se assumem como três dos principais credores, votaram favoravelmente, sendo que Rui Cardoso não conseguiu convencer o IAPMEI (23). «Esta viabilização é uma pedrada no charco, numa altura em que se continua a ouvir falar de fábricas que fecham e num concelho tão deprimido em termos de emprego», reagiu o coordenador do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), congratulando-se com a votação dos credores. «Tivemos de convencer pessoas que não acreditavam na viabilização e estou convicto que o sindicato foi determinante neste processo», considerou, aludindo aos contactos encetados pelos trabalhadores junto do secretário de Estado da Segurança Social – a quem pediram voto favorável, via carta.

«Só espero não sair de um pesadelo para entrar noutro», acrescentou, esperando agora que o plano seja «mesmo para cumprir» e que o administrador da Beiralã crie os 150 postos de trabalho no prazo de um ano, tal como promete no documento. «Claro que é para cumprir, caso contrário, voltávamos ao início do processo», responde Rui Cardoso. O empresário está satisfeito com a decisão dos credores, lamentando apenas a posição do IAPMEI. Constatando que houve várias alterações ao documento ao longo das sessões, Rui Cardoso antevê «mais dificuldades do que o previsto inicialmente», até porque, segundo explica, o pagamento de juros a seis por cento e não a quatro à Segurança Social representará um encargo acrescido, de mais meio milhão de euros. No entanto, o administrador diz-se optimista numa viabilização «calma e segura».

A proposta prevê o pagamento da totalidade dos créditos aos trabalhadores, em duas fases, e à Segurança Social. No caso deste organismo do Estado, o empresário entrega no imediato as instalações da antiga Ninafil, na Covilhã, avaliadas em 780 mil euros, e liquida o restante no prazo de dez anos. O plano propõe ainda a entrega da secção de fiação da Beiralã a outra empresa, mantendo-se as de tecelagem e tinturaria, e o estabelecimento de parcerias em termos de política comercial e de produto, com o documento a referir a empresa covilhanense Texwool – que pertence aos filhos de Rui Cardoso.

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