Foi através de um Contrato-Programa assinado a 20 de Outubro de 1989 que a Escola Profissional de Trancoso foi criada, sendo uma das primeiras Escolas Profissionais do país. A parceria foi assinada entre o Gabinete de Educação Tecnológica-Artística e Profissional – GETAP (Ministério da Educação) e três instituições locais como promotoras: Câmara Municipal de Trancoso, Associação Comercial e Industrial de Trancoso e o Centro de Formação e Desenvolvimento Regional de Fiães.
Por determinação do DL 4/98 de 8 de Janeiro, as entidades promotoras das Escolas Profissionais tiveram que se transformar juridicamente em entidades proprietárias das Escolas, tendo sido por esse motivo sido criada a actual Entidade Proprietária da escola, designada por Associação Promotora do Ensino Profissional da Beira Transmontana – Escola Profissional de Trancoso.
Criado para melhorar os níveis de qualificação dos portugueses e combater o insucesso escolar, o ensino profissional proporciona o desenvolvimento humano global e integral do indivíduo e a sua inserção na sociedade e no mercado de trabalho.
Este sistema apresenta marcas dignas de registo. Desde logo, o regime de autonomia das escolas profissionais e o facto de estas serem escolas da comunidade. É nesta linha que a Escola Profissional de Trancoso foi criada há 20 anos, diversificando as suas ofertas formativas e contribuindo para o desenvolvimento da região. Os novos desafios são constantes, uma vez que a escola tem de continuar a crescer em recursos humanos, em recursos tecnológicos, em equipamentos e no que concerne à orientação profissional. A aposta na educação e formação é aquela que pode transformar um país numa sociedade moderna e esclarecida, mobilizada para os desafios da competitividade e produtividade.
A EPT é um estabelecimento de ensino privado, sem fins lucrativos, sendo neste momento a maior escola profissional da Região Centro e uma das maiores do país. Tem uma área de influência regional, sendo os alunos oriundos de todos os concelhos do distrito da Guarda, dos concelhos limítrofes dos distritos de Viseu e de Bragança, e também em menos escala de outros distritos e alguns dos PALOP’s – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
A habilitação mínima de ingresso na EPT é o 9º ano de escolaridade e os alunos que concluem os seus Cursos obtêm a seguinte certificação: Diploma de qualificação profissional Nível III UE e certificado de equivalência ao 12º ano de escolaridade (Permite ingresso no ensino superior).
A EPT evoluiu dos 89 alunos iniciais até aos cerca de 300 alunos actuais, distribuídos por 17 turmas. Desde a sua criação até ao final do ano lectivo 2008/2009 frequentaram a EPT 2.300 alunos que, na sua grande maioria, obtiveram o respectivo Diploma Profissional.
Projecto da EPT atingiu «grau razoável de sucesso»
Presidente do Conselho de Administração salienta que os alunos têm de estar preparados para a possibilidade de terem que se deslocar para trabalhar
Na hora de fazer um balanço dos 20 anos desde a fundação da Escola Profissional de Trancoso, António Oliveira, presidente do seu Conselho de Administração, considera que se trata de um projecto «bem maturado» e «amadurecido por um conjunto vasto da sociedade».
Neste sentido, a «elaboração do próprio projecto educativo teve a participação e o envolvimento de muita gente», sustentando que «nesse aspecto atingiu um grau razoável de sucesso. O responsável realçou os «muitos obstáculos» que a EPF enfrentou ao longo dos anos, lamentando que «não é tido na devida conta o facto de ter havido projectos que surgiram na sociedade civil por desafio do próprio Estado, que mobilizaram o envolvimento financeiro das autarquias, e que foram construídos como projectos regionais e não concelhios para responder às necessidades formativas da região». Assim, sustenta que «não podem ser ignorados todos os recursos que foram despendidos na construção dessas instituições».
António Oliveira reconhece que há alunos que ainda não encaram bem a possibilidade de terem que se deslocar para arranjar um posto de trabalho: «É uma questão que muitas vezes se verifica. Se eu vivo aqui numa aldeia de um destes concelhos e espero encontrar emprego ali provavelmente isso não vai acontecer. Provavelmente vão ter que procurar um emprego em Trancoso, ou na Guarda, Viseu ou Coimbra», realça. Deste modo, «muitas vezes alguma taxa de insucesso de empregabilidade» que se verifica está relacionada com a contingência de «haver jovens que esperam encontrar o seu emprego à porta de casa e isso nós sabemos na vida real que não é assim».
Escola garante «dinamismo» à cidade
Presidente da Câmara de Trancoso realça fixação de emprego e quadros técnicos
O presidente da Câmara de Trancoso enaltece o contributo que a EPT tem dado para o incremente da dinâmica da cidade. Júlio Sarmento aponta a «formação dos alunos, a sua saída profissional», assim como a «fixação do emprego e, sobretudo, de quadros técnicos, que são naturalmente agentes de desenvolvimento e dinâmica na comunidade de Trancoso».
Deste modo, a EPT «permitiu fixar emprego e tem permitido criar nos alunos uma experiência profissional que os tem favorecido no mercado de trabalho», sendo uma escola «com uma importância regional, dado que recebemos alunos de vários concelhos, até de fora do distrito da Guarda». Os estudantes são ainda garantia de dinamismo económico para Trancoso, na medida em que há «casas particulares que acabam por ter outra receita com o aluguer dos quartos» para além dos restaurantes, cafés e bares que também ficam a ganhar. «Tudo isto anima a estrutura económica e de serviços da comunidade e por isso esta escola tem para Trancoso uma importância muito grande e é hoje um dos pilares em que assenta muita da nossa estratégia de desenvolvimento», reconheceu.
Escola quer manter «leque variado de cursos»
EPT tem actualmente cerca de 300 alunos de nível III
O director da EPT, Domingos Moreira, faz um balanço «bastante positivo» do ensino profissional, adiantando, no entanto, que «temos tido algumas adversidades em termos da quantidade de oferta formativa que há das escolas públicas, porque há um défice de diálogo. O objectivo é tentarmos conciliar a oferta das escolas públicas e privadas em termos inter-municipais. Visto a nossa escola ser de âmbito regional, tem tido alguma dificuldade nesse especto, o que se torna prejudicial para os alunos».
A escola tem neste momento cerca de 300 alunos de nível III, distribuídos por 17 turmas, com uma «variedade enorme de cursos, porque o nosso objectivo é dar uma saída profissional bastante diversificada aos alunos e não encher o mercado de trabalho com os mesmo técnicos». A EPT lecciona actualmente cursos nas áreas dos serviços, contabilidade, secretariado, animação socio-cultural, comércio, marketing, informática de gestão, gestão de equipamentos informáticos, área das electrónicas, instalações eléctricas, nas áreas das mecânicas e de energias renováveis. O responsável enaltece que a escola tem «um leque variado de cursos e a nossa aposta é manter essa diversidade».
Empregabilidade ronda os «80 por cento»
Escola tem «dificuldade» em responder à procura em áreas como frio e telecomunicações
«Cerca de 70 a 80 por cento dos nossos alunos estão no mercado de trabalho», havendo outros que enveredam pelo Ensino Superior e no serviço militar, adianta Cristina Borges, presidente da direcção Técnico-Pedagógica da EPT.
A professora frisa que «dentro das várias áreas, estamos com alguma dificuldade em dar resposta a algumas áreas», exemplificando com os casos das áreas do frio, telecomunicações, contabilidade e serviços. «Vamos tendo algumas dificuldades em fazer face às necessidades que entendemos que são prementes, e não apenas na região». De resto, a escola pretende «colmatar esta necessidade formativa ao nível da região e nós cada vez mais sendo solicitados por outras empresas de fora da nossa região». Neste sentido, a EPT quer «apostar até num observatório, em termos de escola, que faça chegar às empresas a existência destes técnicos. É neste contexto que muitas vezes, e até dentro do desenvolvimento do nosso projecto educativo, convidamos os profissionais a virem à escola».