A direcção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Celorico da Beira demitiu-se em bloco na semana passada. Em causa está uma suposta dívida de cerca de 120 mil euros por parte da autarquia local àquela associação, referente a um protocolo assinado por ambas as partes a 23 de Maio de 2004.
«A falta reiterada de apoio financeiro por parte do município provocou, por vezes, situações de verdadeira ruptura financeira, tendo apenas sido ultrapassadas através de empréstimos avalizadas por elementos da direcção», lê-se no comunicado divulgado no domingo pelos demissionários. O mesmo documento refere ainda que, «quanto ao protocolo, o último subsídio pago à Associação foi em Dezembro de 2008, no montante de 2.500 euros e respeita ao mês de Setembro de 2005». Relativamente a serviços prestados pelos bombeiros à autarquia, a dívida era de cerca de 78 mil euros em finais de 2008. Os serviços em causa dizem respeito ao abastecimento de água, «pelo que, não deixando a autarquia de cobrar a água aos munícipes e não pagando sequer o combustível à associação, quem tem financiado quem?», acusam, considerando que, «afinal, esta associação é que tem apoiado financeiramente a autarquia».
Os dirigentes dizem «nunca ter sido refutado qualquer pedido efectuado pela Câmara», como a disponibilização de viaturas ou a cedência de material. O vice-presidente da autarquia, que é também presidente da Assembleia-Geral dos bombeiros celoricenses, é alvo de fortes críticas por parte da direcção demissionária, que o acusa de, «nestes três anos de mandato, se ter limitado a aparecer nalgumas Assembleias-Gerais». Dizem ainda que José Luís Cabral «podia e deveria ter feito muito mais pela associação, como por exemplo, outro vereador tem feito em prol das associações a que está ligado». É também lembrada a demissão, há um ano, de um elemento da direcção, e que o dirigente «não foi capaz de substituir, conforme sua obrigação estatutária, prejudicando o bom funcionamento da instituição e o quórum na direcção».
No comunicado são ainda referidas «promessas não cumpridas» por José Luís Cabral, como no início de Setembro último, onde se terá comprometido, perante a direcção e na presença do presidente do Conselho Fiscal, «a arranjar uma solução para os problemas financeiros da associação, num prazo de 15 dias e que uma vez mais não cumpriu». O documento termina com uma referência a supostos «interesses políticos» por parte dos visados para com os bombeiros, sendo seu propósito «terem mais pessoas subordinadas que lhes proporcionem mais poder com outros objectivos». «Guardámos esta tomada de decisão para esta altura pós-eleitoral, de forma a que não fosse considerada como arma de arremesso político no período eleitoral, porque esta direcção sempre soube distinguir os assuntos políticos e pessoais dos assuntos institucionais», justificam. O INTERIOR tentou obter um comentário de José Luís Cabral, que esteve incontactável até à hora de fecho desta edição.
Rafael Mangana