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Senhores autarcas: É preciso saber educar

Longe de mim a ideia de que os autarcas dos concelhos comecem a dar aulas. A ideia é bem mais simples. Saber educar significa escolher os docentes com paciência, que não ensinem pelos livros dos doutores e que saibam orientar os seus estudantes nos sítios certos onde acontecem os factos que os aprendizes de feiticeiros, isto é, de cidadania, saibam para se orientar dentro da vida que devem viver como adultos:

Ilustração Nº 1 estudantes a aprender botânica no sítio certo. Imagem de Tom Rog, em: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&source=hp&q=Fotos+de+estudantes+em+aula&btnG=Pesquisa+do+Google&meta=&rlz=1W1ADBR_en&aq=f&oq

A sala de aulas é uma punição se não é combinada com exemplares vivos das matérias que se estudam. Não é uma ideia aventureira pensar combinar os conteúdos dos livros da cultura doutoral, com as explicações que o docente sabe, pode e deve ensinar sem ter em frente de si um livro de texto. Livro de texto que, porque sim ou porque não, o aluno deve ler orientado pelo seu professor ou pelos seus adultos.

Ilustração Nº 2: sala de aula prática para ensinar a tratar de si, da sua roupa edo seu asseio. Em: http://www.unicruz.edu.br/site/fotos/1184.jpg

Em várias oportunidades do nosso trabalho de campo, ensinávamos agricultura enquanto se cortavam as videiras em tempo de vindima, explicando aos mais novos quais as partes a serem cortadas porque tiram força às partes das quais nascem os cachos de uvas.

Ou história, comparando casas de diferentes estilos, anos e épocas diversificadas, explicando como eram construídas as casas antigamente, em pedra e cimento e hoje, apenas em cimento revestido de cal, alcatrão ou alumínio, para a humidade não entrar.

Ilustração 3 Estudantes em aula na Faculdade de Farmácia: o hipotético futuro das crianças

Quatro ruas diferentes da vila Cadafaz, do Concelho de Góis, retiradas do blogue Corterredor, sítio, entre outros, excelente para levar os estudantes e contar a história, quer da aldeia, quer de Portugal através do tempo. As casas de habitação podem ser o recurso explicativo, isto é: qual a casa pertencente a um senhor, qual a de jornaleiros, quais as pessoas com meios para construir casas modernas ao pé das antigas dos tempos da Monarquia ou da Ditadura. Motivo que pode levar a explicar porque é que os habitantes emigraram para países mais ricos, para poupar e trazer ou marcos alemães (aqui, por exemplo, pode-se introduzir a temática da diversidade de moedas e o valor que têm face à moeda corrente em Portugal, aproveitando-se o momento para abordar a aritmética) ou o porquê da separação de membros da mesma família desde que ficaram entregues a si próprias desde os tempos da primeira República.

E, enquanto as casas são mostradas, comparadas, auscultadas, pode-se contar não apenas a História de Portugal, bem como, outra abordagem possível, as diversas leis que a governaram e os seus diferentes sistemas.

É apenas uma ideia que entrego nestas páginas e que tenho desenvolvido como cultura doutoral nos meus texto de 1990ª e de 1994f

Ideia que, ao longo do tempo, tenho desenvolvido, aplicado e criado com Paulo Freire e transferido aos meus discípulos, todos Doutores em Antropologia da Educação e que praticam estes métodos no seu ensino.

Senhores Autarcas, não será esta a melhor ideia para ser eleito, como faz a minha antiga discípula, Berta Nunes, médica e doutorada por mim, com estudos com Pierre Bourdieu em Paris onde a enviei para saber mais, e que pratica como autarca de Alfândega da Fé.

Por: Raúl Iturra

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