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Delphi marca primeiros despedimentos para Dezembro

Multinacional norte-americana vai dispensar mais de metade dos seus efectivos na fábrica da Guarda-Gare até Março de 2010

A Delphi já comunicou aos sindicatos que vai despedir 500 pessoas na fábrica da Guarda até Março de 2010. É a confirmação de uma medida adiada desde 2007 graças a novas encomendas. Mas desta vez a administração garantiu que não há volta a dar e já iniciou os contactos com alguns dos trabalhadores que serão dispensados, um processo que vai decorrer até à próxima semana.

A contagem decrescente iniciou-se na última segunda-feira, após a administração da multinacional norte-americana reunir com os três sindicatos representados na fábrica da Guarda-Gare e um representante do Ministério do Trabalho. Nessa reunião, que durou mais de duas horas, ficou-se a saber que 300 pessoas vão deixar a Delphi a 31 de Dezembro, enquanto os restantes sairão faseadamente em Janeiro, Fevereiro e Março do próximo ano. «A administração admitiu que poderão ser menos que os 200 inicialmente previstos com a justificação de que tudo vai depender da evolução do sector automóvel e das encomendas que conseguirem arranjar», disse José Ambrósio, delegado do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM). Foi também confirmado que o acordo celebrado há dois anos – aquando do primeiro anúncio de redução dos efectivos – vai agora ser aplicado.

Segundo esta proposta, aceite em 2007 por trabalhadores e seus representantes, a administração garantiu que não será despedida mais do que uma pessoa por casal, mas não há nada definido para os vários casos de pais e filhos que trabalham na empresa. «A Delphi vai decidir quem sai, sendo que os primeiros a incluir nessa lista serão aqueles que trabalham nas linhas de produção que vão fechar nos próximos meses e quem tem grandes níveis de absentismo», adianta José Ambrósio. Também foi confirmado que serão pagos dois meses de salário por cada ano de serviço em termos de indemnizações – a lei estipula um –, num valor apurado com base na média salarial dos últimos 14 meses. O sindicalista considerou ainda de «satisfatóriras» as respostas de apoio e colaboração dos vários organismos desconcentrados do Estado no distrito e de entidades locais como a Caritas. «O que falta mesmo são empresas na Guarda que possam dar trabalho a estas pessoas», sublinhou o delegado do STIMM.

Recorde-se que, logo após o anúncio dos despedimentos, José Ambrósio reuniu na passada quinta e sexta-feira com o presidente da Câmara da Guarda, a Governadora Civil, o Bispo da Guarda e os directores da Segurança Social e do Centro de Emprego. «Encontrei muita disponibilidade em ajudar as pessoas que vão sair, nomeadamente através de técnicos que apoiem os casos mais extremos e facilitem os procedimentos necessários nestas circunstâncias», disse. No entanto, José Ambrósio lamenta não ver os resultados dos apoios que o Estado concedeu em 2007, cerca de 4,5 milhões de euros. Actualmente, a fábrica da Guarda-Gare labora com 930 trabalhadores [tinha 1.060 em 2008], sendo a maior empregadora da cidade e do distrito. «A falta de encomendas foi a justificação apresentada, facto com que somos confrontados todos os dias nas linhas. A produção está em baixo há alguns meses, pois a crise do sector automóvel não acabou, infelizmente», acrescenta.

Moratória de dois anos

Em Maio de 2007 a Delphi comunicou pela primeira vez a intenção de reduzir os efectivos, mas, dois meses depois, a empresa conseguiu a produção de uma encomenda da Fiat transferida da Roménia e adiou os primeiros despedimentos.

Em Março de 2008, novo “balão de oxigénio” com uma linha de produção de MPR’s – um produto “after sails” direccionado para a reparação automóvel, vinda de fábrica espanhola de Tarrazona, fechada entretanto. Quatro meses depois surgiu mais uma encomenda deslocalizada da Roménia. O fabrico de cablagens para uma nova carrinha da Opel deu trabalho a 400 pessoas e apenas protelou o despedimento que se confirma agora. De resto, os sinais de quebra de produção foram-se acumulando desde Setembro desse ano, quando algumas dezenas de trabalhadores foram forçados a gozar férias devido há redução de encomendas da Renault e da Opel. Depois vieram as acções de formação para todos os funcionários da empresa e uma paragem total da fábrica da Guarda-Gare. Em Fevereiro deste ano, pela primeira vez na história da unidade, a Delphi suspendeu totalmente o fabrico de componentes durante a semana do Carnaval.

A multinacional norte-americana de componentes e cablagens para automóveis radicou-se na Guarda em meados da década de 80, em instalações deixadas vagas pelo fecho de uma fábrica da Renault. No auge da sua actividade chegou a dar trabalho a 1.500 pessoas.

Luis Martins 300 pessoas vão deixar a Delphi a 31 de Dezembro, enquanto os restantes sairão faseadamente em Janeiro, Fevereiro e Março

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