Gustavo Duarte protagonizou uma das surpresas das autárquicas no distrito da Guarda, ao derrotar o socialista Emílio Mesquita, com quem tinha perdido por 29 votos há quatro anos na corrida à Câmara de Vila Nova de Foz Côa. O vencedor elegeu três vereadores e alcançou 2,931 votos (48,53 por cento) contra os 2,798 (46,32) do seu opositor que coloca dois eleitos no executivo.
O novo edil garante que «já estava à espera de ganhar, porque estes quatro anos foram de marasmo» e o concelho «está praticamente parado». O engenheiro continuou em tom de crítica e defende que o «progresso foi interrompido» e que os últimos quatro anos foram «muito maus» para o município: «Gastou-se dinheiro em festas, comezainas, empregos para amigos e familiares, mas grandes obras nada», disparou. De resto, considera que esta vitória foi «um “cartão vermelho” ao executivo socialista» e que «só não foi mais robusta» porque, sustenta, os seus opositores «não olharam a meios para atingir os fins», concretizando algumas acusações: «Fizeram de tudo com um desespero total. Desde o presidente a mandar mensagens de telemóvel, a andarem porta a porta em algumas freguesias no sábado», sustentando ter havido «muita pressão até ao fim».
Em Freixo de Numão, uma das maiores freguesias do concelho e terra natal do vice-presidente e do chefe de gabinete, Gustavo Duarte acusa os socialistas de terem feito «muita pressão, dizendo às pessoas que se eu ganhasse não acabariam as obras do Centro Escolar». O que é certo é que nessa freguesia o PS registou o seu segundo melhor resultado, com 295 votos, contra apenas 90 votos do PSD, quando em 2005, o resultado foi de 192/ 174. Sobre a primeira medida a tomar quando for empossado, o novo presidente aponta a «situação financeira da Câmara», desejando saber em pormenor com o que conta para «sanear economicamente as contas» do município. Relembrando que a sua equipa «só prometeu aquilo que podia cumprir», Gustavo Duarte quer «tentar levar avante projectos que deixámos e que nestes quatro anos ficaram completamente parados».
Em 2005, a candidatura do PS ganhou com apenas mais um voto do que o resultado agora conseguido pelo PSD, que há quatro anos se ficou pelos 2.903 escrutínios. Na Assembleia Municipal, o PSD teve 2.950 votos (48,93 por cento) e o PS 2.770 (45,94), com os dois partidos a registarem o mesmo número de deputados, nove. A situação mais inusitada aconteceu na eleição para as assembleias de freguesia. É que foi o PSD o partido mais votado, com 3.082 votos (52,37 por cento), mas foi o PS, com 2.569 votos (43,65 por cento), que elegeu mais membros, num total de 55. Para a confusão ser ainda maior, os socialistas ganharam em oito freguesias e os sociais-democratas em sete, faltando eleger os executivos de Santo Amaro e de Murça, que serão escolhidos em plenário. O facto do PSD poder vir a estar em minoria na AM é relativizado por Gustavo Duarte: «Tenho confiança nos presidentes de Junta e no bom senso das pessoas. Não estou preocupado e ainda podemos vir a ficar com maioria», acredita.
Ricardo Cordeiro