Exº Senhor Eng. Crespo de Carvalho vai ter em atenção um intangível princípio: o bem da polis, da comunidade, sobrelevará todos os demais. E esta primazia do interesse geral sobre o particular não é passível de ser iludida com ditos do género “em nome da Guarda” – conhecendo nós muito bem o fundo da realidade. Vamos a exemplos.
Quando um munícipe – por mais humilde que seja – lhe dirigir uma carta, responder-lhe-á. Não se sorria, dado saber – é um provérbio e integra, portanto, a sabedoria popular – que é assim, dado provir de família que lhe deu educação e dado que não precisa da Política para viver. Eu explico.
Há anos, enquanto representante dos condóminos do meu prédio, enviei uma ou duas missivas ao Presidente da Câmara e nunca recebi resposta. Tendo encontrado o Sr. Eng. – Técnico Valente (na rua ou no quiosque, já não posso precisar), manifestei-lhe a minha perplexidade. A resposta que me deu foi mais ou menos esta: “Em princípio isso estará com a Lurdes Saavedra. Mas fique descansado que vou tratar do assunto”. Duas notas: nunca os condóminos tiveram resposta; ficou claro, ao longo do mandato, que a Drª Lurdes Saavedra vive em horizontes mais rarefeitos.
Sem mais delongas dir-se-á que basta olhar para a construção no Bairro da Senhora dos Remédios para se concluir que os interesses crematísticos, dos construtores, se impuseram sobre o bem geral: fazer o máximo de casas e… ruas que vão prejudicar a todos a começar pelos moradores. Com efeito, a sua estreiteza penaliza o trânsito (com sequelas que vão das dificuldades de circulação a maior poluição e acidentes, além do ruído para as pessoas). Vamos ao concreto.
O trânsito ascendente e descendente na R. N. S. Remédios acabou no sentido descendente, o qual foi transferido para a R. José Augusto de Castro. É um problema para veículos pesados pela estreiteza e inclinação, mas o pior é que, desde então, o meu sono e de habitantes do meu prédio ficou altamente molestado.
A importância do bom sono sobreleva, talvez, o da boa alimentação – e eu estou tanto mais à vontade para dizê-lo quanto, em Julho passado, em Avis, num congresso promovido pela Associação Portuguesa dos Amigos da Sesta, ouvi, a esse respeito, dos melhores especialistas nacionais. Sou o sócio nº 200 da dita associação.
O sono é, para mim, fundamental, dada a natureza do meu trabalho, que requer a máxima concentração e, dado que, ás vezes, a partir das 5h30 já não se dorme, vou dormir para a auto-vivenda – que, por isso, este ano, ainda não arrumei –, ou para o carro.
E deixo um aviso – amigo – ao Sr. Eng.-Valente. Ou acaba com esta aberração do trânsito pela José Augusto Castro, ou pagá-las-á. Não se trata de nenhuma praga que lhe rogo e, repito, é um aviso amigo. Ao Abílio Curto fui visitá-lo sete vezes – e fi-lo com todo o gosto – e a consideração que sinto por Maria do Carmo Borges postula que, em cada Agosto, de qualquer museu, exposição ou lugar da Europa lhe envie um postal de estima. Não quero que lhe aconteça seja o que for, Sr. Eng.-Técnico, quando já não for edil. É que o “cá se fazem, cá se pagam” está muito para além do mero imanente.
Em suma: o trânsito tem que ser drenado pela N. S. Remédios até à rotunda, ao fundo.
Durante várias vezes, enquanto deputado municipal (fui-o durante 16 anos), bati-me pela constituição de uma Comissão de Estética, a fim de termos uma bela cidade. À maioria absoluta do P“S” e aos seus horizontes, tal nunca interessou. Fixe, Sr. Eng. Crespo de Carvalho.
Por motivos estritamente autárquicos, há anos, tive que meter em Tribunal Ernesto Gonçalves, que se revelou um baixo carácter. Ganhei a questão claro. Isto serve para dizer que, na Quintanzinha do Mouratão, alcatroa as ruas, tem votos, mas a tal criatura jamais terá passado pela cabeça mandar cortar as giestas que, quando se vai pela Ponte Seca, invadem o alcatrão e mesmo a faixa de rodagem, especialmente incómodo após a ponte que atravessa a A-23. Entra pelos olhos dentro, mas o óbvio, pelos vistos, não afecta igualmente todos os espíritos.
Quando for Poder vai, Sr. Eng. Crespo de Carvalho, estar atento a tudo isto, bem como mandar limpar as bermas da EN 18, desde a Quintinha até à Vela.
Há uma infinidade mais de cruciais tópicos a tratar, mas, dada a falta de espaço, deixo-lhe apenas um: a premência da análise da água da minha rua. Reutilizo-a e, no fim de brevíssimo tempo, os alguidares ficam com lama no fundo.
Guarda, 28-IX-09
Por: J. A. Alves Ambrósio
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