O maior projecto de agricultura biológica do país já tem luz verde para avançar e vai ser implementado na Beira Interior. No total, estão previstos cinco mil hectares de olival em modo de produção biológica, em 24 concelhos da região, a implementar até 2013. O projecto, promovido pela Associação de Agricultores para a Produção Integrada de Frutos de Montanha (APIM), com sede na Guarda, foi aceite pelo gestor do Proder – Programa de Desenvolvimento Rural.
A aguardar agora apreciação no que respeita ao plano de acção, este investimento, na ordem dos 63 milhões de euros, prevê 2.500 hectares de novas plantações e outros tantos de conversão de olival tradicional no modo de agricultura biológica. «Este projecto vem inverter o fatalismo que invade os agricultores e os agentes económicos do interior do país», considera o presidente da APIM, José Assunção, para quem está encontrada a solução para «potenciar o olival» da região, «conseguindo mais produtividade, competitividade e escala». «O azeite biológico está a crescer todos os dias e não há oferta», constata o presidente da APIM, ao adiantar que 60 por cento da produção se destinará à exportação.
De acordo com este responsável, um olival tradicional produz uma média de 800 quilos por hectare, um associado «já consegue um pouco mais» e, com a agricultura biológica, «será possível chegar aos quatro ou cinco mil quilos por cada hectare». Actualmente, a Beira Interior é a terceira maior região do país produtora de azeite, com uma área de olival de 52.643 hectares e 27.679 explorações. A APIM, com mais de 600 associados, já tem técnicos especializados na área, num total de 15, e «todo um know-how que será importante para auxiliar os agricultores nas suas explorações», explica José Assunção, que destaca ainda a importância de ser criada uma marca e toda uma imagem em torno deste investimento.
A APIM estima, no que toca ao emprego, a criação de 1.250 postos de trabalho. «Estão criadas condições para o surgimento de empresas especializadas na área», afirma José Assunção, ao antever que «quem tem terrenos e não percebe nada de agricultura pode recorrer a este tipo de firmas, que apresentarão projectos com chave na mão». Até 2013, ano em que termina o Proder, a APIM estará no terreno, junto dos agricultores, «promovendo as potencialidades do projecto», acções de formação e auxiliando na introdução de novas tecnologias, refere o presidente da associação. Na vertente agro-alimentar, a empresa responsável pela elaboração do projecto, a Espaço Virtual, sugere a instalação de três lagares em modo de produção biológica, com o primeiro a ser candidatado em 2010, para começar a laborar no ano seguinte, e os outros dois em 2013. Segundo as previsões da APIM, estarão os três a funcionar em pleno em 2015.
Apesar do projecto ter sido aprovado recentemente, há pouco mais de mês e meio, a sua versão inicial remonta a 2007 e apontava para 10 mil hectares de terreno, um investimento de 126 milhões de euros, a criação de cerca de 2.500 novos postos de trabalho e um volume de negócios anual de 46,8 milhões de euros.«Foi pensado para ser aprovado pelo QREN e para o período 2007-2013, mas como só foi aceite agora pelo Proder tivemos que o ajustar para três anos e reduzi-lo para metade», explica.