Os deputados do PSD à Assembleia Municipal da Guarda andam danados com o candidato Crespo. Não terão gostado que o independente os pusesse no sítio e os reduzisse à insignificância de que só saíram para aparecer na primeira página do jornal oficial da “acção socialista” guardense, e que, habilidosamente, não poderia perder a oportunidade de cumprir com os ditames do ministro Augusto Santos Silva e malhar no adversário.
Curiosamente, em quatro anos, ninguém os viu a levantar a voz sobre alguma coisa importante, para além da PLIE e do Guarda Mall. Não se viu uma ideia, um projecto para a cidade, um pensamento novo, uma estratégia alternativa para o concelho ou sequer uma fiscalização e denúncia da incompetência do executivo (em caso de dúvidas consultar as actas da Assembleia Municipal…). A vacuidade acompanhou-os, mas custa acreditar que no PSD não haja alguma cabecinha pensadora…
O jovem Ricardo não conhece mais de 50 palavras e foi nomeado porta-voz (imagino o nível dos que nunca falaram) para os assuntos económicos. As suas intervenções eram um discurso para o umbigo, no final afagava o cabelo em grande estilo e abandonava a sala, não ficando sequer para ouvir a resposta. Que a ouvissem os seus companheiros, encantados com a oratória do tribuno, que ainda ecoava pela sala. E era do melhor que havia na bancada laranja!
De Manuel Rodrigues esperava-se mais. Afinal, fora o candidato a presidente da Assembleia. Consultadas algumas actas… nada. Ou quase nada de importante o motivou a descer à terra, à defesa da plebe. Compreende-se. O advogado Manel tem interesses mais altos. Como dizia o personagem do nosso Eça, certas coisas não se sabem e é preferível não se saberem. Desconheço o que o move, mas admito ser do maior interesse. Especialmente para o próprio.
Se quisessem, os sociais-democratas da Assembleia Municipal poderiam ter ajudado a esclarecer muita coisa e perguntado ao engenheiro Valente por que é que a Câmara paga uns milhares de euros a José Gonçalves pela renda do edifício do “bacalhau” à Ensiguarda (quem frequenta a minha praia fala em mais de 6.000 euros!?)? Ou não será importante saber o muito que a autarquia negoceia com Marília Raimundo (e que justifica os comentários sempre abonatórios para o PS de Valente)? E por que é que o padre Pires, agora que o camarada Sócrates pode cair e os “ratos” começam a abandonar o barco, vai para director pedagógico da Ensiguarda? As boas línguas andam activas e têm valorizado de tal forma o currículo de professor do adjunto da Governadora (ao que consta, três meses a dar aulas de substituição em Belmonte) que já defendem a promoção de Gonçalo a sede de concelho para o homem ter lugar definitivo na presidência do futuro município.
Claro que alguém terá de recordar o veneno de Voltaire, que dizia que as três pragas da Humanidade eram a guerra, os padres e os médicos. Mesmo os que não o eram, mas pareciam. Enquanto me espraio nesta beira-mar assombrosa, recordo aquela gravura de Goya em que este se retrata, no leito, em grande sofrimento, com um enorme jerico a tomar-lhe o pulso…
Por: O Nadador Salvador
Nota: Neste período de Verão, publicamos esta rubrica de opinião política “quente”
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