O Acto Seguinte prossegue amanhã à noite no TMG com uma ópera de câmara encenada por Luís Miguel Cintra sobre solidão, esquizofrenia e loucura. “Jerusalém”, com libreto do escritor Gonçalo M. Tavares – autor do romance homónimo editado pela Caminho – e música de Vasco Mendonça, é um dos destaques da quinta edição do Festival de Teatro da Guarda.
A obra, estreada em Julho na Culturgest, conta a história de uma noite mirabolante, a de 29 de Maio, interrompida por diversos episódios do passado das personagens. É um espectáculo sobre solidão, esquizofrenia e loucura. «Talvez algumas personagens de “Jerusalém” não acreditem que alguém possa ressuscitar ao fim do terceiro dia, mas certamente acreditam que o mesmo homem pode voltar a cometer outro assassinato três dias depois», refere a produção em comunicado. Neste mundo habitam seres incompletos, mutilados, em queda. Prisioneiros da memória, transportam com eles sinais inconfundíveis do que são, de onde vêm, movendo-se e agindo no presente por reacção a um passado de escuridão que se recusa a adormecer. Como explica Gonçalo M. Tavares, «os acontecimentos de há vários anos, o que antes não terminou, o que exigia vingança ou satisfação do desejo, tudo caiu para ali, como se aquela noite fosse um espaço, um recipiente», acrescentando não se tratar apenas de «falta de fé, mas de uma fé errada, má».
Segundo Luís Miguel Cintra, “Jerusalém” é «uma ópera nova de um novíssimo compositor português, com uma linguagem também nova». Com direcção musical de Cesário Costa, esta ópera é interpretada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e os solistas Alexandra Moura, Inês Madeira, Manuel Brás da Costa, João Rodrigues, Luís Rodrigues e Manuel Ferrer na voz infantil. Entretanto, estreia sábado à noite, em Salamanca, a peça “Na(s)cer Cansado”, partir da obra de Henri Michaux, que o Teatro Municipal da Guarda (TMG) e a Junta de Castilla y León co-produzem. Depois do Teatro Calderón de Peñaranda de Bracamonte, o espectáculo, encenado por Luciano Amarelo, subirá ao palco do TMG na próxima quinta-feira, ficando em cena durante três dias no âmbito do festival de teatro. “Na(s)cer Cansado” é interpretado em versão bilingue por actores portugueses e espanhóis.