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As baixas num conflito…

Mitocôndrias e Quasares

Nas últimas semanas temos assistido a uma escalada de violência em dois pontos do globo: Afeganistão e Iraque. Inevitavelmente, o número de baixas civis e militares aumenta significativamente, para além de outras consequências colaterais, como são os refugiados.

Mas como é feita um contagem destas baixas? E do número de refugiados?

Ao longo dos últimos anos, uma nova disciplina tem-se dedicado a avaliar o impacto dos conflitos ou das situações de emergência humanitária em zonas de conflito armado. Aparentemente, parece um pouco fútil fazer a contagem dos indivíduos que sofreram com um conflito contudo, um simples erro no número de civis atingidos pela fome poderá ajudar a que estes fiquem esquecidos, sem alimentos e os crimes de guerra poderão ser, deste modo, mais facilmente cometidos.

A epidemiologia dos conflitos, nome desta nova disciplina, surgiu graças aos esforços dos cientistas, técnicos de estatística e trabalhadores de emergência, que se deslocam para as zonas de guerra, com o objectivo de realizar inquéritos directos junto das populações afectadas. Este acaba por revelar-se um dos trabalhos de investigação mais duros e penosos, uma vez que implica, com uma certa periodicidade, colocar vidas em perigo.

Metodologicamente, esta investigação é um pouco diferente dos processos de recenseamento desenvolvidos periodicamente em tempo de paz. Nos países onde não existem conflitos, todas as famílias são contactadas individualmente, pelo telefone ou por carta. Nos países em guerra, utiliza-se uma técnica de amostragem por agregados, que foi desenvolvida com o propósito inicial de avaliar o impacto das campanhas de vacinação.

Esta metodologia é organizada por fases, sendo a primeira etapa a selecção das amostras de agregados familiares representativos do país. A segunda etapa consiste em escolher, aleatoriamente, famílias pertencentes a cada uma das amostras. Posteriormente, os investigadores vão a casa dessas famílias procurar informações sobre a segurança nessas zonas. Só quando existe a certeza de se tratar de uma zona segura é que os investigadores avançam para os inquéritos. Os investigadores são, normalmente, acompanhados por seguranças armados.

A realização destes inquéritos, na maior parte das vezes, é de difícil realização, uma vez que existem uma série de obstáculos a superar. Um dos maiores entraves à obtenção de estatísticas exactas é a determinação do método mais adequado de selecção dos agregados de indivíduos, de modo que estes formem uma amostra representativa da região a analisar. Por exemplo, uma região com elevada densidade populacional deve ser representada por um número mais significativo de agregados. É nesta necessidade de encontrar um método que permita seleccionar uma amostra de cada um destes grupos para obter um resultado fiel da situação, que a epidemiologia dos conflitos irá evoluir nos próximos anos.

P.S. – Esta série de reposições de artigos terminam nesta edição. Para o próximo artigo iremos analisar a quais os factores e as consequências da erosão da costa portuguesa.

Por: António Costa

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