Aldeia da Ponte, no concelho do Sabugal, registava até à última terça-feira um total cumulativo de perto de 20 casos confirmados de Gripe A desde o início de Agosto, apurou O INTERIOR junto de fonte conhecedora dos números na região. O primeiro caso na aldeia foi diagnosticado a um jovem emigrante, que trouxe o vírus de França, tendo a partir daí surgido outros – e com cada vez mais frequência depois das festas de Verão da terra. A freguesia contabiliza, de resto, cerca de metade do número de pessoas que já foram infectadas em todo o distrito até agora.
O coordenador do Serviço de Atendimento à Gripe A (SAG) da Guarda, José Valbom, confirma a existência de «vários casos» nesta aldeia do concelho do Sabugal, mas recusa-se a falar em números. Porém, este responsável revela que «Aldeia da Ponte foi o primeiro foco de contaminação no distrito», estando agora numa fase em que «há transmissão dentro da comunidade». A primeira pessoa a aparecer infectada no distrito nem foi naquele concelho, mas no da Guarda, informa José Valbom, que refere que «nos quatro ou cinco dias seguintes é que começaram» a aparecer situações na terra raiana.
«Houve festas de forma contínua na aldeia», afirma o coordenador do SAG, em jeito de explicação para «o número de casos superiores ao expectável», referindo-se às festividades em honra de Santo António, que decorreram entre 11 e 15 deste mês. José Valbom confirma que o primeiro contaminado com Gripe A foi um jovem emigrante, mas salienta que «os casos que se seguiram não estão todos relacionados com essa fonte». A juntar-se às festas está também a grande quantidade de emigrantes na aldeia nesta altura. De acordo com o presidente da Junta de Freguesia, José Nabais – que diz não ter conhecimento oficial da situação –, Aldeia da Ponte tem cerca de 300 residentes «e no Verão há dez vezes mais população».
Ainda segundo José Valbom, existem actualmente «casos disseminados um pouco por todo o distrito, embora alguns concelhos ainda estejam a zero», sendo esta «a chamada fase de mitigação». «O distrito regista um padrão idêntico aos outros do país», garante.
Em Aldeia da Ponte, os populares ouvidos por O INTERIOR confessam ter receio de ser infectados pela nova gripe de origem suína. «Como só tenho um rim, tenho medo», afirma Esperança Tomás, emigrante em França, que diz ter chegado a viajar de carro até ao Sabugal com uma conterrânea que já era, na altura, portadora do vírus. «Ela não parava de tossir e depois veio a confirmar-se que tinha Gripe A», conta. Apesar da quantidade de casos, «ninguém usa máscara», diz uma residente na aldeia, que pede anonimato. «O problema disto é que houve gente que estava infectada e não ficou os oito dias em casa como lhes foi recomendado», assegura.
«Se tivermos que a apanhar, apanhamos», diz, por sua vez, José Pires, outro emigrante a passar férias na terra que diz ser capaz de nomear todos os que ficaram doentes em Aldeia da Ponte, confessa ter também «algum receio», mas acredita que «não é caso para grandes dramas».
Internamentos por Gripe A na Cardiologia contestados
O internamento de doentes com Gripe A no Hospital da Guarda vai ser feitos no Serviço de Cardiologia, o que está a gerar descontentamento entre os médicos desta área, sabe O INTERIOR. «O que está em causa é que se trata de um serviço com doentes de alto risco, pelo que os internamentos na Cardiologia não são bem vistos», afirma fonte hospitalar, que refere que a escolha deveria ter recaído no Serviço de Pneumologia. Os cardiologias já fizeram chegar o seu desagrado à Ordem dos Médicos, Ministério da Saúde e Administração Regional de Saúde do Centro. Contudo, o presidente da Unidade Local de Saúde da Guarda, Fernando Girão, explica que os possíveis futuros internamentos, apenas previstos para casos considerados graves, estão previstos para «dois quartos de isolamento no final da Cardiologia». O responsável adianta que o serviço em causa foi escolhido porque «tem uma porta directa e privilegiada para a rua». Se vier a instalar-se uma situação pandémica e forem necessárias mais camas, «outros serviços terão de acolher os doentes com Gripe A», acrescenta.
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