Numa cidade de montanha é sempre desagradável andar a pé. De bicicleta impossível. Só mesmo o carro nos salva. É assim na Guarda.
O problema é o estacionamento, que o Vivaci, à falta de clientes e de lojas (por culpa da Câmara que disse que ia fazer o Guarda Mall matando o único centro comercial da cidade) vem solucionar com as duas horas gratuitas de aparcamento.
Mas há situações de excepção: Aqueles que merecem o estacionamento reservado. A Guarda deve ser a cidade com mais lugares reservados a instituições de utilidade pública ou cidadãos de primeira. E nos últimos anos o crescimento foi exponencial, qualquer instituição – seja parasita ou benfeitora – tem direito a colocar uma placa de estacionamento reservado. A PSP tem, entre o Prolar, Largo S. Pedro, o de S. João, S. Miguel e mais algum Santo de que agora não me recordo, uns 50 lugares reservados para os carros dos agentes. Os polícias são uns privilegiados: como ninguém os multa se estacionarem mal, então para não ocuparem lugares que rendem muito em multas têm reserva de estacionamento à porta do trabalho. Junto à Câmara são mais uns 7 ou 8 lugares para funcionários da autarquia e das juntas – que é para não picarem o ponto com atraso, mesmo que o cidadão que lhes paga os ordenados tenha que andar às voltas para arranjar estacionamento.
Os conservadores têm dois lugares para não se atrasarem, se bem que têm liberdade de horário e podiam estacionar em qualquer local, ao invés dos funcionários que têm de cumprir horário e nunca sabem onde deixar o automóvel ou dos emigrantes que entopem os passeios para ir fazer o registo do casamento ou do filho recém-nascido. O dr. Celínio, que organiza uns passeios de jeep com financiamento assegurado pelas autarquias e umas jantaradas com os embaixadores/amigos de Lisboa que a Câmara da Guarda paga, também tem o seu lugarzito à frente do escritório do Escape Livre (mas que também podia ser à frente da Câmara, onde o dr. Celínio é consultor de turismo e aufere 1.500 euros mensais por organizar os ditos passeios, mas como só tem de lá ir uma vez ao mês levantar o cheque prescinde do direito ao lugar).
Quem tinha razões de queixa, e com razão, era o pároco da Sé. Depois da destruição da Praça Velha (há quem diga que foi uma “requalificação”!) não há onde deixar o carro. Uma chatice finalmente corrigida: o pároco também já tem o seu lugar reservado – um acto de justiça. Falta criar estacionamento para o noivo e para a noiva, porque em jornada de casamento a coisa não está fácil. E podiam também reservar uns para os popós dos padrinhos. E dos pais, e dos tios, dos avós, que já têm idade, e demais convidados. Assim, a praça voltava a ser o belo parque de estacionamento que sempre foi… O pessoal da noite também queria direito a estacionamento, mas depois de umas noitadas da bófia na zona… acabou o abuso. Agora, só os turistas lá deixam os carros por falta de sinalização (e atravessam pelo lado da estátua, acompanhando o “corrimão do Ernesto”, aquela coisa horrorosa que alguém de mau gosto ali espetou). Eu como não tenho direito a privilégios… vendi o popó.
Por: O Nadador Salvador
Nota: Neste período de Verão, publicamos esta rubrica de opinião política “quente”
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