Cândido Barbosa, um dos ciclistas nacionais mais populares da actualidade, andou vestido de amarelo durante a passagem da Volta a Portugal pela Beira Interior no final da semana passada. Depois de andar pelo Norte do país, o pelotão regressa sábado à Serra da Estrela para a “etapa rainha” da Torre, com a caravana a sair de Oliveira do Bairro para percorrer 154,6 quilómetros.
O director da prova salienta que a última etapa em linha «será para muitos corredores o derradeiro dia com responsabilidades, porque, certamente no contra-relógio final, somente os que disputam a geral individual ao mais alto nível terão oportunidade e obrigação de se empenhar a fundo». Joaquim Gomes acrescenta que nesta penúltima etapa os ciclistas vão enfrentar «uma das mais difíceis escaladas que existem em Portugal» – o troço que liga Seia ao Alto da Torre. «São mais de 26 quilómetros em que serão certamente queimados os últimos “cartuchos”. Espero que, ao contrário do que aconteceu no ano passado, o sol possa brilhar nesse dia, tanto como vão brilhar os protagonistas desta edição da Volta», confia o antigo ciclista. A chegada à Torre está prevista para as 17h14, após passagem por São Romão, Seia, Sabugueiro e Lagoa Comprida.
Depois de Manuel Cardoso ter vencido ao “sprint” a primeira etapa da Volta, entre Caldas da Rainha e Castelo Branco, Cândido Barbosa ganhou a segunda tirada que ligou Idanha-a-Nova à Guarda, recuperando a camisola amarela que tinha conquistado no prólogo de Lisboa. O veterano ciclista do Palmeiras Resort/Prio/Tavira foi o primeiro a cortar a meta instalada na Avenida Dr. Afonso Costa, junto ao Estádio Municipal, tendo percorrido os 175 quilómetros da tirada em pouco mais de cinco horas, à média de 35 quilómetros por hora, depois de uma fuga aos 18 quilómetros do espanhol Eloy Teruel (Contentpolis), a que se juntou o português Pedro Lopes (Loulé), e que durou até quase até ao fim. À chegada, Cândido bateu ao “sprint” o italiano Mauro Santambrogio (Lampre) e alcançou a marca das 24 vitórias em etapas, igualando o registo de Joaquim Agostinho, que o tornam no segundo homem mais vitorioso de sempre nesta prova. «É importante para a minha carreira conseguir chegar ao número de vitórias a que chegou aquele que é, provavelmente, o mais conceituado ciclista português de todos os tempos», declarou o “foguete da Rebordosa”.
No sábado, o pelotão ligou o Fundão a Gouveia, tendo ganho o alemão Patrik Sinkewitz, que cruzou isolado a meta instalada em frente ao Estádio Municipal. Apesar de terminado na oitava posição, Cândido Barbosa segurou a camisola amarela com que viria a sair de Trancoso, no domingo, rumo ao Alto da Senhora da Graça, em Mondim de Basto. Aqui tudo mudou, já que esta dura etapa foi ganha por João Cabreira (CCLoulé/Louletano), embora a camisola amarela tenha ido parar ao corpo de Nuno Ribeiro (Liberty Seguros), que, curiosamente, é cunhado de Cândido Barbosa que caiu para a 15ª posição. A Volta termina domingo com um contra-relógio individual em Viseu.
Ricardo Cordeiro