Em fase de construção, a ponte pedonal da Carpinteira, na Covilhã, está a dividir os cidadãos. Esta estrutura, com 220 metros de comprimento e 52 de altura, erguida sobre a ribeira que lhe dá nome vai ligar o bairro dos Penedos Altos e a avenida Marquês de Ávila e Bolama. O investimento de cerca de 2,5 milhões de euros gera opiniões diferentes entre os habitantes da Covilhã.
«Para mim a obra beneficia os moradores do bairro dos Penedos Altos e todas as outras pessoas que pretendam aqui passar. Quanto ao investimento, já não estou muito de acordo, mas de qualquer forma, o futuro é que vai dizer se a ponte é boa para a população ou não». Esta é a opinião de Amadeu Amorim sobre a ponte pedonal da Carpinteira, uma ideia que em poucas palavras sintetiza a divisão dos covilhanenses. Para António Filipe, «esta ponte pouca ou nenhuma utilidade vai ter, e nem tem estética nenhuma, nem é cem por cento útil». Para este covilhanense, o investimento «podia ter sido aproveitado para outras coisas mais prioritárias», porque «há tantas obras com mais prioridade que esta ponte, mas se calhar não são feitas por vontades políticas», diz. E exemplifica, falando «numa barragem ou em habitação social, eram obras mais úteis que isto», sustenta. António Filipe vai mais longe e afirma mesmo que «vão passar aqui duas ou três pessoas por dia, se tanto».
Opinião igual tem João Fiúza, para quem o investimento também não se apresenta como «prioridade principal». «Por exemplo, se fizessem uma ponte deste tipo da zona de Santo António para o centro, isso beneficiaria os estudantes e era mais primordial. Agora aqui não sei, depois vamos ver», diz. Pedro Matos considera que «talvez seja dinheiro mal gasto, porque a ponte poupa pouco tempo às pessoas e, por isso, se calhar, é um investimento que devia ser repensado, mas nesta fase, infelizmente, já não há nada a fazer», constata. Apesar das opiniões menos abonatórias, Fernando Rodrigues crê que a ponte «é um bom investimento», já que «o dinheiro gasto é bastante útil, porque se não o gastarem, é utilizado noutras coisas e esse dinheiro não aparece nem vai para o bolso de nenhum contribuinte», defende. O covilhanense acrescenta ainda que a obra não servirá «para hipotecar o futuro das gerações vindouras, mas para criar condições para essas gerações» e dá o exemplo: «As pessoas empenham-se para comprar uma habitação e passam a vida inteira a fazer sacrifícios, mas deixam cá algo para os filhos. Portanto, neste caso o dinheiro gasta-se, mas a ponte vai ficar cá».
Residente nos Penedos Altos, Paulo Valente defende que «a ponte vai valorizar e chamar ainda mais pessoas para o bairro». E quando olha para a obra em construção não tem dúvidas: «Acho que está muito bonita e vai fazer jeito a toda a gente», afirma, aproveitando ainda a ocasião para referir ter conhecimento «de alguém que calculou o tempo, e poupam-se aqui uns bons cinco minutos». O covilhanense, ciente da opinião de alguns cidadãos, afirma que «há muita gente que está contra porque dizem que é dinheiro mal gasto, mas a mim não me parece. Mesmo que fosse só pela arquitectura urbana e pelo jeito que dá às pessoas ao nível do lazer, acho que já tinha valido a pena». Na tentativa de encontrar respostas, Paulo Valente confessa ainda ter aproveitado a construção da ponte para deixar uma mensagem aos “bloguers” covilhanenses, que diz, «criticam tudo». «Ainda há dias deixei uma mensagem num desses blogues onde perguntei onde é que as pessoas querem que se gaste o dinheiro. Se se gasta nas estradas, é mal empregue, faz-se a ponte, a ponte não serve para nada, se se pagam os bilhetes para os velhotes andarem no autocarro, também é mal empregue o dinheiro. Mas afinal, onde é que eles querem que se gaste o dinheiro?», interroga.
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Rafael Mangana