Luís Figueiredo vai aplicar os 5.000 euros do Prémio Jaime Filipe no desenvolvimento do “Magic Eye” porque os apoios são «extremamente reduzidos, o que é uma limitação que pode ser grave para o futuro do projecto». O aviso do professor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico da Guarda foi deixada na cerimónia de entrega do galardão, realizada na passada quinta-feira no Instituto, que encheu de orgulho o seu presidente. «É um enorme privilégio ter Luís Figueiredo na instituição como professor e investigador», disse Jorge Mendes.
E não é para menos. Foi a segunda vez que o docente venceu este prémio, o mais importante em Portugal na área da integração e reabilitação de pessoas com deficiência. É disso que tratam quer o “Magic Key”, premiado em 2006, e o “Magic Eye”, distinguido este ano pelo Instituto da Segurança Social (ISS). O primeiro permite a tetraplégicos usarem um computador, movendo o cursor do rato através de movimentos laterais e subtis da cabeça e a tecla do rato com um piscar do olho. O segundo é uma aplicação informática com a qual se pode controlar o rato apenas com os olhos, não exigindo que a cabeça esteja imóvel. «Comunicar é uma das grandes conquistas deste tipo de soluções», refere o ISS, reconhecendo que «atribuir uma função a um determinado movimento ocular abre um enorme leque de de novas oportunidades a pessoas com graves limitações de controlo motor dos membros superiores, incluindo a cabeça».
«O ‘Magic Eye’ permite usar o computador como uma extensão da voz ou dos gestos e até possibilita controlar o ambiente envolvente através de infra-vermelhos, como ligar uma aparelhagem ou a televisão», explicou Luís Figueiredo, de 42 anos, que voltou a pedir apoios públicos para que seja possível oferecer gratuitamente esta aplicação a quem precisa. Nesse sentido, anunciou que a Fundação PT vai subsidiar a entrega do “Magic Eye”, usado actualmente por sete pessoas, a mais utilizadores. Um deles, Pedro Monteiro, presidente da Associação dos Portadores de Esclerose Lateral Amiotrófica, deixou um testemunho importante, via computador: «O “Magic Eye” é cinco vezes mais barato que os sistemas importados, apelo por isso a que seja incluído na lista das ajudas médicas», disse. Já o professor – cujo trabalho sofreu recentemente um revés com o roubo do computador que continha o software do “Magic Key” – sublinhou também que o prémio é «mais um passo» no projecto, pois «nunca nenhuma aplicação informática estará completamente concluída».
Por sua vez, a secretária de Estado da Reabilitação sublinhou que «não podemos desperdiçar o esforço árduo dos investigadores, que muitas vezes se confrontam com a falta de oportunidades para desenvolverem os seus produtos e comercializá-los». Contudo, Idália Moniz não anunciou mais apoios, falou antes dos prémios e dos «estímulos à criatividade» existentes. A governante considerou ainda que projectos como o “Magic Eye” são «soluções simples, pragmáticas e de fácil utilização». Nesta sessão foi também entregue uma menção honrosa ao Metro do Porto pelo projecto NavMetro. Trata-se de um sistema de navegação, via telemóvel, facilitador da orientação e mobilidade de pessoas com deficiência de visão nas estações de metro daquela cidade.
Luis Martins