A primeira fase da remodelação e ampliação do Hospital Sousa Martins, orçada em cerca de 40 milhões de euros, vai ser adjudicada ao consórcio liderado pela Hagen e Edifer, anunciou, na terça-feira, o presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.
Fernando Girão adiantou que, na fase final do concurso, foram convidados a apresentar propostas cinco grupos de empresas, tendo a escolha recaído sobre o consórcio luso-alemão: «O vencedor apresentou o melhor preço e garantias em termos da construção da obra, que eram os principais critérios de selecção», disse o responsável, acrescentando que o relatório final da comissão técnica que analisou as cinco melhor propostas ainda está sujeito a um período de cinco dias para eventuais reclamações. «Espero que a adjudicação definitiva seja rubricada nas próximas semanas e que o estaleiro comece a ser montado ainda durante o mês de Maio», referiu o médico. A empreitada, cujo prazo de execução é de 22 meses, consiste na construção de novos edifícios numa área total de cerca de 25 mil metros quadrados. A restante intervenção prevista no projecto global implica a remodelação dos actuais edifícios, mas só vai decorrer depois de concluídos os primeiros trabalhos agora adjudicados.
«No final, teremos um hospital moderno, com todas as condições físicas e técnicas para os profissionais trabalharem e os utentes do distrito serem tratados», considerou o administrador da ULS, que engloba os hospitais da Guarda e Seia, mais 12 centros de saúde do distrito. A remodelação e ampliação do Sousa Martins deverá custar perto de 70 milhões de euros, dos quais 12 milhões serão destinados à aquisição de novos equipamentos. A área bruta total da unidade requalificada será da ordem dos 76 mil metros quadrados. O projecto de arquitectura apresentado em Novembro passado coloca o internamento no edifício mais antigo do hospital guardense. Já o pavilhão mais recente, concluído no início da década de 90, será totalmente remodelado para receber a actividade de ambulatório, funcionando noutra ala a Neonatologia, Pediatria e, no piso térreo, as Urgências de Obstetrícia, Ginecologia e Pediátrica.
No novo edifício funcionarão a Urgência geral, a Imagiologia, as consultas externas e exames especiais, além das unidades de cirurgia de internamento, bloco operatório, laboratórios, Unidade de Cuidados Intensivos e de cuidados intermédios. O novo Hospital Sousa Martins terá 266 camas, menos 51 que as 317 actualmente disponíveis, de acordo com o programa funcional da unidade.
Polémica política
Nas últimas legislativas o primeiro-ministro José Sócrates prometeu aos guardenses um «hospital novo» nesta legislatura. Mas desde Maio de 2007 que os guardenses anseiam por obras na cerca do antigo Sanatório Sousa Martins. Na altura, o então ministro Correia de Campos anunciou a aprovação do programa funcional do novo hospital, a constituição da Unidade Local de Saúde com estatuto de EPE e sobretudo a intenção de se iniciarem «os concursos públicos, mesmo de construção, no ano seguinte». Em Outubro desse ano, Maria do Carmo Borges afirmava que «teríamos estaleiro no início de 2009». Pelo meio, Ana Jorge substituiu Correia de Campos e reiterou o compromisso do antecessor. Mas em Novembro último, aquando da apresentação e homologação do projecto de arquitectura pelo secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, ficou a saber-se que só haveria estaleiro para o segundo trimestre de 2009.
Houve depois atrasos processuais que geraram muitas dúvidas quanto ao arranque da obra ainda este ano. A incerteza era tal que um grupo de médicos chegou a escrever ao primeiro-ministro a pedir esclarecimentos sobre a situação. Tudo porque, inicialmente, os dirigentes socialistas anunciaram que «o estaleiro estaria montado no início de 2009», o que não aconteceu. O segundo trimestre deste ano foi então a nova data apontada. «A Guarda vai ter Hospital… e ponto final», reagiram os socialistas depois de confirmada a publicação do concurso em “Diário da República”, no final de Janeiro último. Em comunicado, a Federação distrital não escondeu que houve problemas, tendo sido necessárias «diligências para ultrapassar e dar cumprimento aos trâmites legais, para que o processo não viesse a ser prejudicado por via de quaisquer irregularidades processuais».
Luis Martins