Ricardo Santos, apresentado em meados do mês passado como cabeça de lista do CDS-PP à Câmara da Guarda pelo próprio Paulo Portas, já não estará na corrida à liderança da autarquia da capital de distrito, tendo desistido da candidatura. A decisão, apurou O INTERIOR junto de fonte próxima do candidato, terá surgido na sequência de uma mudança no discurso da líder da concelhia centrista, Isabel Metello, para quem «o CDS-PP pode ajudar o PSD numa solução para a Guarda».
Aquando da apresentação da sua candidatura, Ricardo Santos garantiu que só em «último recurso» os populares avançariam para uma coligação com os sociais-democratas, referindo a existência de «um projecto político, uma equipa formada e gente com vontade de trabalhar» dentro do partido. Contactada por O INTERIOR, Isabel Metello diz não ter conhecimento de qualquer recuo por parte do candidato. «Não há nenhuma comunicação do engenheiro Ricardo Santos nesse sentido», assegura a presidente da concelhia, que garante também que o partido continua «com o mesmo projecto» para as próximas eleições autárquicas. Porém, Isabel Metello afirma que os populares «nunca fecharam as portas ao PSD» e, sem nunca proferir a palavra “coligação”, refere-se à candidatura de Crespo de Carvalho – que durante anos foi próximo do CDS – a como sendo «séria» e «bastante arrojada». Isto porque se trata de um independente que «pretender ir buscar apoios entre todos aqueles que estão descontentes com a actual governação PS na Guarda, incluindo à esquerda», adianta.
Isabel Metello garante que o que existe de momento entre os dois partidos é um «pacto de não agressão» com vista às próximas autárquicas, com o intuito de se centrarem apenas no objectivo de derrotar a candidatura socialista de Joaquim Valente. «Embora o CDS tenha um candidato e um programa, o partido não vai bater com a porta a Crespo de Carvalho caso o projecto dele se enquadre minimamente com os nossos princípios para o desenvolvimento da nossa terra», sustenta a líder centrista. Tanto mais que, na sua opinião, «devem colocar-se os interesses da Guarda à frente das cores políticas» nas autárquicas que se avizinham. «Se pudermos ajudar essa candidatura [de Crespo de Carvalho], porque não?», lança Isabel Metello, para depois dizer que «seria soberba pensar que o CDS vai ganhar a Câmara da Guarda com mil e tal votos». O CDS-PP conseguiu nas últimas autárquicas 1.192 votos, com uma lista liderada por Joaquim Canotilho. Já em 2001, os populares arrecadaram 745, tendo sido na altura Pereira da Silva o cabeça de lista. O INTERIOR tentou, sem sucesso, contactar Ricardo Santos até à hora do fecho desta edição.
