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2009

Um frio Inverno e uma névoa escura são as características com que abandonamos 2008 um ano em que houve jogos olímpicos, não tivemos eleições significativas e em que o Estado assistiu a uma enorme crise financeira que levou a que os bancos não emprestem, os investidores amealhem e os compradores sosseguem suas ânsias.

Que esperar de 2009 é a grande questão para fazer xadrez político e tentar antecipar os dias que aí vêem. È sempre um pouco como o problema da futurologia.

Por instantes viro mago e antecipo cenários e caminhos num exercício estonteante de jogadas possíveis, prováveis e que podem nunca existir.

Perceba-se a compra de milhares de acções do BCP pela Sonangol, viabilizando esse Banco em crise profunda. São os petrodólares de Angola a legalizar-se na Europa e a penetrar o tecido empresarial. Mas é dinheiro que depende de uma oligarquia periclitante, uma oligarquia que pode terminar por doença, por chumbo ou por qualquer outra razão, conduzindo a um rearranjo dos petrodólares. È uma situação que para 2009 pode ser de estabilidade e segurança. Angola aqui.

O equilíbrio internacional está em reforma com a chegada de Obama e assim se espera um aumento da capacidade organizacional do terrorismo e a diminuição das bases americanas por esse mundo. O regresso das tropas do império levará a uma turbulência enorme nas regiões abandonadas. O inverso se passará na América, agora mais fechada para uma recuperação interna e portanto para uma melhoria da qualidade de vida das suas minorias. Uma América melhor é uma América mais poderosa e mais distante dos outros países.

Em Portugal a descoberta de mais e maiores fraudes enfraquece a política e os políticos das últimas décadas, estando nós sob a evidência da maior das injustiças: meia dúzia de barões encheram-se de milhões de euros e os funcionários públicos estão com salários congelados e com salários ridículos em relação com os congéneres europeus. Só nove portugueses tiveram perdas suficientes para pagar o TGV e para alguns anos de salários de meio milhão de funcionários públicos. São aviltantes descobertas para quem aforra de 450 euros mensais. São excrescências de linguagem política a quem paga impostos para os amigos da política delapidarem nas mãos de Madoff e outros vigaristas.

2009 é um ano de eleições com Municipais, Europeias e Legislativas. Espero ver a continuidade do PS por demérito da oposição. Um PSD incapaz de apresentar os erros da governação, de apresentar outros modelos de desenvolvimento, de esclarecer políticas alternativas não parece necessitar de ganhar eleições. É o único partido que se autodestrói na véspera da votação. O povo que é sábio pode pois destroçar a governação autárquica do PS dando um sinal político e obrigando à mudança por dentro da governação. Claro que não é justo para os autarcas mas é assim que se revela a decisão popular em momentos de crise e ausência de alternativa.

Para 2009 não há grandes acontecimentos desportivos, esperam-se obras públicas para incentivo da economia – o dinheiro nas mãos dos mesmos – a Mota-Engil deve ficar com quase todas as obras em Portugal, e esperam-se dificuldades no crédito para os que dele mais precisam. Haverá mais anúncios de venda e casa mais baratas. A gasolina não descerá na proporção do barril de crude e a TAP perderá milhões, tal como a saúde não terá melhoria nos gastos e a educação continuará com más escolas e confusão a rodos. Portugal estará pois na invernia ainda e com um estado de névoa e obscuridade. Sugiro faróis de nevoeiro a todos.

Por: Diogo Cabrita

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