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UBI inventa casaco que liga e desliga televisão

Departamentos de Informática e de Ciências e Tecnologia Têxteis juntaram-se para desenvolver peças de vestuário inteligentes

Até já tem nome. Chama-se “Domoveste” e é o casaco do futuro. Na verdade, parece uma peça de vestuário normal, mas com “talentos” a que os tradicionais casacos não podem aspirar: funciona como um comando e liga e desliga televisões, ventoinhas ou rádios.

Funções que parecem ter saído de um filme de ficção científica mas que, graças a um trabalho desenvolvido na Universidade da Beira Interior (UBI), são agora reais. Os Departamentos de Informática e de Ciências e Tecnologia Têxteis juntaram-se para desenvolver uma peça de vestuário inteligente que é capaz de comandar quase todos os aparelhos de uma casa, interagir com as lâmpadas e comandos e, num futuro próximo, com centrais de socorro. O protótipo foi apresentado no início do mês, durante o “Move 08”, a mostra de trabalhos dos alunos de Design de Moda. Rita Salvado, directora da licenciatura, recorda que, na altura, os alunos foram desafiados «a melhorar o conceito».

Por ora, e enquanto os melhoramentos não chegam, a manga esquerda do casaco esconde vários circuitos electrónicos que integram um comando que permite controlar quase todos os elementos que se encontram numa habitação moderna. «Desde acender e apagar a luz, ligar ou desligar o ar condicionado», explica Pedro Araújo, docente do Departamento de Informática e autor da ideia. O comando no casaco é alimentado por uma pilha e tem um teclado que emite sinais, via rádio, aos receptores espalhados pela casa, ligados aos aparelhos que se pretende controlar.

Mas, num futuro próximo, o “Domoveste” pode passar informações ao seu utilizador sobre o funcionamento de electrodomésticos, numa junção «pioneira» entre as áreas da domótica e do vestuário. «O casaco pode alertar para o término do programa de uma máquina de lavar ou vibrar quando alguém está a tocar à campainha», acrescenta o inventor. Um dos principais objectivos do casaco, assim como de outras peças de vestuário que entretanto podem ser criadas, é facilitar o dia-a-dia de pessoas com mobilidade reduzida ou idosos. Pedro Araújo acrescenta que «numa segunda fase do projecto» e a pensar nos mais velhos, poderá ser incorporado na roupa um botão de emergência que garanta o contacto com as centrais de socorro.

De resto, a comercialização da ideia pode vir a ser uma realidade. «Mas para já, há que aperfeiçoar a peça de vestuário, sobretudo no que diz respeito aos tecidos utilizados e às múltiplas funções que podem vir a ser incorporadas», refere Rita Salvado. A integração da tecnologia no vestuário é uma das áreas de investigação de grande fôlego nos últimos anos. Pedro Araújo demorou «um ano» a investigar e a conceber a ideia do “Domoveste”, mas a partir daqui todas as possibilidades estão em aberto, até porque «a tecnologia pode ser incorporada em qualquer peça de vestuário». Os investigadores até já criaram uma cinta que regista a frequência cardíaca e um casaco decorado com brinquedos que pode ajudar ao desenvolvimento de crianças com deficiência.

Rosa Ramos

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