Victor descobriu com espanto que ganhava mais de 20.000 euros por mês e nós descobrimos, com pasmo, que apresar daquele salário ele não tinha poder para prever os crimes que antigos ministros e deputados faziam aos nossos dinheiros. Claro que toda esta gente sócia de um banco desconhecido em Cabo Verde deve estar de boas relações com gente conhecida que governa Angola e não tem grandes escrúpulos. Tudo gente sã, com bocas sãs e que não escrevem com Bic nem andam de Fiat.
Constâncio e o Governo decidiram apoiar ou amparar ou proteger o BPN, o BPP e outros lugares que eram desconhecidos dos meus parcos dinheiros, mas onde consta estar a massa de Luís Figo e muitos ministros e agentes do futebol.
Eu, que nada amealhei, vou dar dos meus impostos para a massa deles não se evaporar. Assim se volatiliza a minha, que terá por certo menos importância. Cada galinha dá um grão e assim mama o galo que, depois, mama das galinhas… Um projecto tipo pescada de rabo na boca em que a galinha dá o rabo e a boca é o BPN e o BPP. Claro que Constâncio dos seus 20.000 euros tem uma noção muito distante desta realidade de galináceos, pombos e pica-paus. Aqui, nós somos a malha, a rede em que tudo assenta e de onde cantam as cigarras da política que ali se instalaram desde os idos anos de 1974. São os mesmos, ou os filhos deles, e nalguns casos já pululam netos, enteados e sobrinhos. A monarquia que nasceu de uma burguesia revolucionária, mas só no intelecto. Assim se criou uma estrutura em que somos incapazes de descrever os deputados faltosos, de dar os seus nomes ao público. Somos incapazes de ver a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado, e tudo está bem e permanece doente. A realidade é o congelamento salarial das galinhas, o fim dos concurso para progressão nas carreiras, os profissionais liberais do Estado a ganhar menos que os mecânicos e pedreiros e o perdão fiscal e outros perdões aos galos. Uma vergonha na capoeira.
Por: Diogo Cabrita
