O actual momento político nacional começa a ser marcado pelo arranque das várias campanhas para as eleições legislativas, europeias e autárquicas, que irão ter lugar no próximo ano.
Neste contexto, cabe aos partidos da oposição a crítica, tanto do governo como dos executivos autárquicos, naturalmente obrigando-se a apresentar propostas alternativas e a estes, a defesa da eventual bondade e eficácia da sua gestão.
As eleições são pois um momento de balanço, entre o que foi prometido e o executado, bem como, numa apreciação mais simplista, interrogarmo-nos quanto ao que mudou, se para melhor, ou pior.
Sem descurar o que se passa no país e no mundo, a minha primeira preocupação é olhar para a Guarda e sua região, pois aqui nasci, aqui vivo e aqui cultivo de forma mais directa os sonhos de progresso e de bem-estar colectivo.
Se quiser ser honesto e objectivo nesta avaliação, terei que pôr num prato da balança todas as realizações e projectos desenvolvidos pela autarquia, ou com o seu apoio e no outro, todas as promessas por realizar bem como problemas graves que ficaram sem resposta.
Comecemos então pelo lado bom, e aí teremos que referir como mais significativos o POLIS, as obras não concluídas da PLIE, os arranjos da zona histórica, o Centro Comercial VIVACI, a Escola Profissional e a nova biblioteca.
Vamos agora ao outro prato da balança e carreguemo-lo com a inexistência de empresas na PLIE, o novo Hospital cujas obras ainda não tiveram início, a falta de alternativas ao quase certo encerramento da DELPHI, a degradação do Hotel Turismo e a perda de apoios para a sua reestruturação, o aumento do desemprego, e em especial, a falta de projectos estruturantes para a cidade e região.
Não tenho infelizmente qualquer dúvida que a balança pende para o lado da avaliação negativa, pelo que a velha receita para a endireitar consiste em usar alguns truques para que sejamos levados a supor o contrário.
É aqui que entram mais uma vez as promessas.
Assim, virá seguramente à Guarda um membro do Governo a anunciar que o Hospital é agora certo que vai avançar, pese embora a continuada saída de médicos e a mais que provável transferência de serviços para o da Covilhã.
Na PLIE iremos provavelmente assistir a alguns anúncios de instalação de empresas que ficarão por concretizar ou que não serão significativos.
Os trabalhadores da DELPHI irão ter milhentas promessas de apoio, mas na sua grande maioria terão que procurar alternativas fora da Guarda.
Os jovens desta cidade continuarão a sair à procura de alternativas de vida que aqui não existem.
A afirmação da Guarda como capital de Distrito continua assim a desvanecer-se em favor das dinâmicas mais agressivas de cidades vizinhas como a Covilhã e Viseu.
Infelizmente temos que reconhecer que as outras capitais de distrito já têm há muito aquilo que nós ainda estamos na fase de o pedir.
A nossa interioridade vai assim aumentando, a par da diminuição da capacidade competitiva face a outros centros urbanos.
As boas acessibilidades de que hoje estamos dotados e a nossa posição geoestratégica, de pouco ou nada nos têm servido para relançar o desenvolvimento.
As supostas influencias junto do Governo, que tantas expectativas criaram, ou de facto não existiam, ou não foram devidamente utilizadas, pois não tiveram tradução em mais apoios e projectos.
O desenvolvimento do interior só o vê nos discursos como figura de retórica, não correspondendo minimamente à acção política.
Para os resignados eleitores deste concelho não resta mais que esperar por um animado jantar de campanha, grátis, em que os inflamados discursos não lhes irão tirar o apetite e a sede, fazendo então mais uma vez renascer a esperança dos milagres há muito esperados.
Por: Álvaro Estêvão *
* deputado do CDS-PP na Assembleia Municipal da Guarda