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Francisco Matos Soares preside à Adega da Covilhã

Valor das dívidas aos associados referentes às vindimas de 2004, 2005 e 2006 vai ser transformado em capital social

À sétima foi de vez. A Adega da Covilhã já tem nova direcção, presidida por Francisco Matos Soares. Na última sexta-feira, cerca de 80 sócios reuniram em Assembleia-Geral e aprovaram, por maioria, com 70 por cento dos votos, os novos corpos directivos e respectivo programa para os próximos dois anos.

A decisão tinha sido adiada há duas semanas porque faltava a resposta de uma entidade bancária que ainda não tinha aprovado o plano de viabilização financeira da instituição. O aval acabou por chegar, só que a banca exigiu que o empréstimo inicialmente previsto, da ordem dos três milhões de euros, fosse reduzido para 1,8 milhões. Após a desistência da Caixa de Crédito Agrícola, vão financiar este empréstimo a Caixa Geral de Depósitos e o Banco Comercial Português. O objectivo será transformar as dívidas de curto prazo em dívidas de médio e longo prazo. Envolvida no processo está ainda a Agrogarante, uma empresa de garantia mútua que elabora créditos para empresas do sector agrícola e alimentar. Todas estas entidades vão assegurar à Adega o financiamento necessário para que a nova direcção possa «liquidar dívidas e criar um fundo de maneio», adiantou Francisco Matos Soares.

Quanto às dívidas aos sócios, os valores correspondentes às vindimas de 2004, 2005 e 2006 – cerca de 700 mil euros – serão transformados em capital social. «Os associados não perdem o dinheiro e se um dia quiserem sair da instituição, o montante ser-lhe-á devolvido», assegurou o novo presidente da direcção, que admitiu não ser esta «a proposta que queríamos, mas a possível». Há dois anos, os sócios rejeitaram a possibilidade de transformar 455 mil euros da dívida relativa à colheita de 2004 em capital social. Mas, desta vez, a situação «é bem diferente», garante o dirigente. Nesse sentido, a nova direcção está confiante no futuro da cooperativa. «O maior problema, o financeiro, está em vias de ser solucionado», acrescenta Francisco Matos Soares, sublinhando que vai ser preciso relançar a área comercial, sendo que a aposta será, sobretudo, «na exportação».

A acompanhar Matos Soares na direcção estão Francisco Raposo e Paulo Ribeiro (vogais). João Malaca Casteleiro preside à Assembleia-Geral, enquanto que o Conselho Fiscal é liderado por Francisco Silva Lopes.

Esperados quatro milhões de quilos de uva

A campanha deste ano arranca no dia 15 para os vinhos brancos e a 22 de Setembro para os tintos. «Ainda esta semana, os sócios vão receber as cartas com as marcações», adianta o novo presidente, que garante estar tudo a correr «dentro dos prazos». Este ano, a Adega vai pagar 22 cêntimos por cada quilo de uva, sendo que cinco cêntimos serão liquidados dois dias após a entrega – «para ajudar a pagar a mão-de-obra da vindima», justifica. Até ao início de Novembro deverá ser pago cerca de 45 por cento do valor total apurado e o resto «até Março do ano que vem», promete. Contudo, Francisco Matos Soares alerta que para que o projecto seja viável, é preciso que os sócios ganhem confiança na instituição e entreguem as uvas. «Desde que as pessoas o façam, tudo decorrerá normalmente», acredita.

Rosa Ramos

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