Inseguro é ser mulher num país de brutos e de alcoólicos. Inseguro é ela ir para casa e encontrar um cobarde que lhe bate. Insano é fazer-lhe o jantar e ele desdenhar dele. Imperdoável é ter um homem que sova os filhos, que os assusta sem razão, que a ofende a qualquer hora. Incompreensível é este bruto ser polícia e dar moral.
Insano é este espaço da família ser o da maior violência, o lugar funesto, o lugar da morte premeditada, o sítio onde mais mulheres perderam a vida de modo violento. Intolerável é o país que não legisla violentamente contra estes selvagens, que não os prende, que não protege as mulheres e as crianças.
Insano é o país que não educa, que não melhora os índices de cultura. Inqualificável é o acto da violência doméstica, a doença do ciúme, a loucura da posse, a vergonha dos destroços que são os lares desavindos.
Entrar a porta do lar e sofrer agruras, e depois torturas, e ainda sevícias. Sentir que o sexo não são carícias e não são afectos, perceber que se concebeu coagido e ainda assim se faz o jantar, se lava a roupa, se passa a ferro, se ajuda nas despesas da casa, se pactua com o monstro. Tudo isto é violência real e diária, é quotidiano mais sujo que roubo de carro, que assalto a multibanco.
Inseguro é ser mulher e ir para casa do monstro bêbado que invade o estádio da luz para agredir um árbitro.
Animais com forma de pessoa. “Gente não é certamente”, que gente não bate assim.
Por: Diogo Cabrita