A Delphi da Guarda vai despedir perto de 350 operários até Agosto, caso a multinacional norte-americana não consiga angariar novas encomendas. Em causa está o fim da linha de produção de cablagens para a Fiat, deslocalizada da Roménia, que permitiu adiar os despedimentos no Verão passado.
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas (STIMM) alertou, na segunda-feira, para a necessidade de novos contratos. Caso não sejam encontradas alternativas, o sindicalista José Ambrósio receia que os 350 operários possam mesmo perder o emprego. «Contudo, só a administração se poderá pronunciar sobre as datas exactas para o final da linha de produção», sublinhou. Até lá, espera que «surja uma boa notícia que faça com que os despedimentos não se concretizem e que permita à empresa continuar a laborar». De resto, José Ambrósio afirma que os trabalhadores têm «plena confiança na administração». Da parte da Câmara da Guarda ou do Governo é que não têm chegado quaisquer contactos. «Até hoje, não houve ninguém que viesse ouvir os medos e as preocupações dos trabalhadores, saber qual é a situação concreta e que soluções poderão ser encontradas para evitar os despedimentos», lamenta. José Ambrósio adianta que a comissão intersindical até já formulou um convite a Joaquim Valente para que reúna, em plenário, com os trabalhadores. O encontro deverá acontecer «assim que o autarca se mostre disponível», embora o convite tenha sido feito através da imprensa. «Mas será formalizado dentro de dias», garante.
Recentemente, o autarca afirmou que o Ministério da Economia estaria envolvido na negociação de novas encomendas para a Delphi, à semelhança do que terá acontecido no ano passado, com a linha de produção vinda da Roménia. O sindicalista do STIMM quer saber «o que já foi feito nesse sentido», afirmando que ficou «apreensivo» com as declarações do edil, porque a linha de produção temporária terá sido conseguida «graças aos esforços da administração da Delphi». Já esta semana, Joaquim Valente garantiu estar a acompanhar a situação da empresa, adiantando que tem mantido contactos com a administração. Já sobre a informação veiculada pelo sindicato, refere apenas que ainda não há «informações concretas» sobre despedimentos. Apesar das declarações do autarca, o STIMM fala de «alheamento» por parte da autarquia e do Governo face à situação da Delphi. Ainda assim, José Ambrósio mantém-se optimista. «Vamos aguardar: quem sabe se não chega uma lufada de ar fresco», espera. Contactada por O INTERIOR, a administração da Delphi não quis prestar quaisquer esclarecimentos. «Uma vez que não somos a origem da informação veiculada, preferimos não comentar», disse fonte da empresa.
Rosa Ramos