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Situação dramática nos postos de abastecimento da Guarda

Perdas chegam aos 50 por cento e os primeiros despedimentos estão para breve

O aumento do preço dos combustíveis está a afectar de forma dramática os postos de abastecimento da Guarda. O INTERIOR falou com todos os revendedores da cidade, que falam em perdas da ordem dos 50 por cento. Se o cenário não mudar radicalmente, 22 pessoas podem perder o emprego nos próximos meses, havendo mesmo empresas que ponderam fechar torneiras e portas muito em breve. A situação é tal que os condutores chegam a abastecer na cidade com menos de cinco euros, o indispensável para percorrer os 42 quilómetros até à fronteira.

Comparativamente a igual período de 2007, João Marques, sócio gerente do posto Galp junto à Yoplait, registou uma quebra de 21 por cento nos cinco primeiros meses do ano. Mas na semana passada vendeu menos 31 por cento, com uma média de apenas dois automóveis a abastecer por hora: «Tenho uma estrutura para vender cerca de 12 mil litros por dia e, neste momento, estou a vender três mil litros», refere o empresário. Feitas as contas, oito funcionários estão à beira do desemprego se a empresa fechar a porta. No posto da Redil, próximo da Direcção de Estradas, há mais um posto de trabalho em risco devido à quebra das vendas em 50 por cento desde 2007. João Reis, sócio-gerente dos postos Repsol na Dorna e ao Jardim dos Castelos Velhos, confirma o inevitável: «As vendas têm caído a pique. Desde Outubro do ano passado têm baixado entre 30 e 40 por cento», refere. Os seus nove funcionários têm o lugar ameaçado, pois também aqui a possibilidade de encerramento é real. Já na Póvoa do Mileu, Benedito Ribeiro diz que o posto Galp que dirige tem tido perdas de 25 por cento desde meados de Maio, mas não se prevêem despedimentos.

António Morgado, responsável pelo posto Repsol na Avenida da Estação, fala em quebras de 50 por cento: «O gasóleo está a aumentar mais que a gasolina, pelo que os camiões de longo curso abastecem em Espanha, à ida e no regresso», adianta, acrescentando que nenhum dos dois trabalhadores deverá ser despedido. Ali ao lado, na Avenida de S. Miguel, José Manuel Ferreira, sócio-gerente da Ferreira e Gonçalves, começa por dizer que a empresa sempre teve um acréscimo de vendas. Contudo, «as perdas deste ano chegam aos 20 por cento, vendendo menos mil litros por dia», indica. Em consequência, dos nove funcionários, três podem ser dispensados antes de Agosto. No posto Galp da EN 16 – antigas Sacor – as perdas chegam aos 50 por cento. Segundo Edgar Marques, um dos responsáveis, os clientes «abastecem com cinco ou 10 euros e vão a caminho de Espanha. Quem se quiser safar tem de vender fiado», remata. Situação semelhante vive-se no posto Cepsa, próximo da rotunda para a Arrifana.

As vendas diminuíram 30 por cento e só não são maiores por causa do gasóleo de aquecimento, garante Sofia Prata, responsável pelo espaço, segundo a qual, «pelo menos um dos quatro funcionários» terá de ser despedido: «Este é o mês mais baixo dos últimos tempos. Há mesmo quem abasteça com menos de cinco euros para chegar a Espanha. E agora só abastecem com mais porque os preços aumentaram», afirma. Quem parece estar a passar ao lado desta crise é o posto de abastecimento do Intermarché. «Não houve quebra na litragem e o volume de vendas aumentou», congratula-se Albino Albuquerque, o proprietário. É neste posto que os combustíveis são mais baixos na cidade e região, mantendo-se a diferença para os preços da Galp. «Mesmo assim, as queixas são diárias», admite o empresário.

Igor de Sousa Costa

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