Música electrónica, manipulações sonoras, improvisação q.b., um filme concerto e uma orquestra com instrumentos de brincar são os ingredientes do Ó da Guarda. O Festival de Novas Músicas está de regresso ao TMG e começa esta noite na sala de ensaios, com “La Scatola”, um espectáculo intermédia de Manuela Barile e Rui Costa.
Amanhã à noite sobe ao palco o projecto “Mécanosphère”, liderado por Adolfo Luxúria Canibal. No pequeno auditório, confronta-se, «num automatismo alucinado», electrónica e acústica, percussões rotativas e manipulações eléctricas, ecos de free jazz e paisagens mentais. «”Mécanosphère” faz uma reinterpretação orgânica das linguagens da música de dança post-industrial electrónica (breakbeats, hip hop, dub) e uma reinterpretação do classicismo do rock tocado pelos processos e percepções da música electrónica”, destaca a organização, acrescentando que esta construção musical assenta na utilização de live-looping, de sons analógico tocados e/ou samplados, de baterias e percussões acústicas, de electrónica orgânica e de frequências sub-graves. «Não é utilizado qualquer sampler de fontes pré-existentes», destaca a produção.
Já no sábado à noite o Ó da Guarda muda-se para o café-concerto com o Ensemble Granular, de Nuno Rebelo, Ulrich Mitzlaff, Emídio Buchinho, João Martins, Ricardo Freitas e Miguel Cabral. Ao programa há groove, jazz, rock, funk e electrónica, tocados sob o signo da improvisação. O festival faz depois uma pausa e regressa dia 14 com os cabeça de cartaz, os Modified Toy Orchestra. Trata-se de uma orquestra muito especial que transforma brinquedos musicais de criança em sofisticados «instrumentos musicais». É uma estreia nacional e o único espectáculo em Portugal deste grupo inglês
criado pelo músico Brian Duffy, que, em Inglaterra, já foi rotulado de génio, de louco e até de «tesouro nacional». A Modified Toy Orchestra faz música electrónica e divertida, onde não faltam versões conhecidas como “Pocket Calculator”, dos Kraftwerk. Em 2006, a banda actuou nos prestigiados festivais Sonar (Barcelona) e Supersonic (Reino Unido).
O Ó da Guarda termina dia 20 com o filme concerto “Canal Zero”, dos artistas João Bento, João Cabaço e Rodolfo Pimenta. Este projecto de fusão entre a música electrónica e a música acústica, aliada à imagem em tempo real, mostra como são infinitos os limites e as potencialidades de duas artes – música e vídeo – quando cruzadas.