A XXVª Feira-Concurso do Jarmelo, realizada no último domingo, a primeira desde que a raça passou a ser certificada pela Direcção-Geral de Veterinária (DGV), em Outubro do ano passado, decorreu sob o signo do entusiasmo. Milhares de pessoas deslocaram-se à aldeia localizada a cerca de 15 quilómetros da Guarda para ver a vaca jarmelista, cujos criadores e defensores receberam a garantia de que continuarão a ter incentivos para que o espectro da extinção seja definitivamente arredado.
Nesta mostra, onde até S. Pedro ajudou, já que apesar das previsões de chuva o sol foi uma constante, estiveram presentes cerca de 20 vacas e sete dos 15 criadores envolvidos no processo de “reanimação” da raça, um número que «superou as expectativas» da organização. Agostinho da Silva, presidente da Junta de São Pedro do Jarmelo, agradeceu o «empenho» a todos os criadores que deram corpo à «luta e à “guerra”» de não deixarem a vaca jarmelista desaparecer, «muitas vezes perdendo dinheiro». Aquele que é um dos mais acérrimos defensores desta raça autóctone apela a uma «necessária» concertação de esforços entre as várias entidades ligadas ao processo, que poderá «transformar-se na grande aposta estratégica para o mundo rural da região da Beira Interior», considera. O autarca acredita que a DGV e a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro vão concentrar «mais energias, pois o tempo urge».
Por seu turno, Joaquim Valente, presidente da Câmara da Guarda, que entregou cheques de 100 euros a seis criadores pelo nascimento de vitelos durante este ano, sublinhou o facto de terem sido «criadas condições para que a raça jarmelista seja o orgulho não só dos seus criadores, mas de todos nós». Por isso, a Câmara aprovou recentemente um «incentivo e um estímulo» para todas as crias nascidas na zona do Jarmelo. Elogiando «aqueles que há muitos anos se preocupam com esta temática», o edil realçou que só será possível obter bons resultados «caso haja conjugação de esforços entre várias entidades». Também Luís Brás, director dos Serviços Veterinários da Região do Centro, assegurou que a DGV tem a «maior atenção e carinho pela raça bovina jarmelista» e que vai continuar a apoiar «incondicionalmente o seu fomento», assegurou naquela que foi a sua primeira vinda ao Jarmelo.
Já Rui Moreira, responsável pela DRAPC, enalteceu a persistência da Feira-Concurso, que entende como uma «prova de coragem» e demonstrativa da «vontade férrea de manter» a raça. O engenheiro recordou que os criadores dispõem agora de apoios do Governo e da Câmara para manter esta raça que «é multifuncional e tão boa de paladar». É que com o reconhecimento da jarmelista ficaram disponíveis «apoios para que esta vaca possa sair do limiar da extinção e implementar-se no mercado», afirmou, sugerindo aos criadores que «procurem a certificação da carne» junto dos matadouros.
Ricardo Cordeiro
