A Confraria dos Aromas e Sabores Raianos, cuja primeira entronização decorreu no último sábado em Almeida, no âmbito da Festa do Bacalhau, pretende ser um veículo de promoção da gastronomia, mas também da cultura e do património da zona da Raia. O mau tempo é que terá prejudicado a afluência de público aos restaurantes aderentes à iniciativa organizada pela Câmara de Almeida.
A Confraria pode funcionar como «mais uma porta» das muralhas de Almeida, a juntar às duas existentes, considera o seu mordomo-mor, frisando que se pretende dar destaque a «várias vertentes muito importantes, desde a histórica à cultural e principalmente à turística». João Tolda explica que a ideia desta organização surgiu apenas há cerca de mês e meio, daí que só oito dos 62 confrades pudessem envergar a respectiva vestimenta no dia da entronização. «Uma fábrica em Espanha falhou com as roupas», explica. O responsável salienta que tiveram que impor o limite de 100 confrades, caso contrário «ninguém se entendia», sendo que cerca de metade dos membros já entronizados «são de fora da região e é isso que nos interessa para que venham e divulguem». A Confraria dos Aromas e Sabores Raianos pretende levar a cabo três «pontos altos» ao longo do ano, um durante a Festa do Bacalhau, outro na Feira de Ano de Almeida e, por último, na Feira do Fumeiro.
Batista Ribeiro, presidente da autarquia, destaca a importância da Confraria, que pretende, simultaneamente, dar «mais um impulso e servir de estímulo a que os agentes económicos se juntem a nós para sermos todos os verdadeiros embaixadores daquilo que temos de bom e de único», realça.
Restaurantes com pouca afluência
Apesar da ampla divulgação da Festa do Bacalhau, a afluência à generalidade dos 15 restaurantes aderentes não terá sido a mais desejada, a avaliar pelos testemunhos de alguns proprietários. No caso da Marisqueira BA 101, de Vilar Formoso, o seu proprietário garante que «a Festa do Bacalhau não trouxe ninguém de novo, apenas os clientes habituais». Ainda assim, considera o evento uma «boa iniciativa», aguardando que este fim-de-semana possa trazer novos clientes. «Os grandes consumidores de bacalhau são os espanhóis», confirma, daí que constem sempre vários pratos do “fiel amigo” na ementa. A mesma situação verifica-se no restaurante “Tertúlia”, tanto que ao fim-de-semana «60 a 70 por cento dos clientes» são oriundos de Espanha. Contudo, no primeiro dia da Festa não encontrou «grande procura», apesar de ter havido «algumas pessoas a escolher bacalhau, sendo vários espanhóis», revela o proprietário, Hélio Morgado. Joaquim Canotilho foi um dos seus clientes, tendo ido propositadamente da Guarda até Almeida para experimentar o “Bacalhau à Estrela”.
E deixou um reparo à organização: «No futuro, a Câmara não deveria impor nenhum prato. Era mais interessante se cada restaurante apostasse nas suas receitas próprias», sugere. Já no restaurante da Pousada Senhora das Neves, o bacalhau saiu em grandes doses, mas para grupos com estadia previamente agendada, «independentemente da Festa», adianta Ana Paula Almeida. Mesmo assim, a directora da unidade considera a Festa do Bacalhau uma «óptima iniciativa para dar dinamismo à vila».
Ricardo Cordeiro